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As distorções da defesa dos Trabalhos de Conclusão de Curso

Opinião | Quinta-feira, 27 de Janeiro de 2011 - 21h38 | Autor: Gerson Luiz Martins
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Nesta época do ano é comum, no ensino universitário brasileiro, a realização de bancas que avaliam os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) e em alguns casos, como nos cursos da área de comunicação, como Jornalismo, Publicidade Propaganda e outros, são denominados Projetos Experimentais. Isso se deve ao fato que os estudantes da área de comunicação podem, no processo de conclusão do curso, produzir uma monografia (um trabalho científico) ou realizar um produto inerente à sua área, no caso do Jornalismo os estudantes podem produzir uma revista, um livro-reportagem, um documentário em vídeo, um sítio web na forma de portal jornalístico, e tantas outras possibilidades. Assim como nos cursos de Jornalismo, em qualquer outro, o processo de ensino-aprendizagem se conclui quando finaliza todas as atividades acadêmicas, incluí-se o trabalho de final de curso.

Neste procedimento, é importante ratificar, também reside orientação dos professores e principalmente do orientador para os estudantes sujeitos do TCC. Diga-se que, num processo de banca de avaliação desses trabalhos, o orientador também está em avaliação, pois muito do resultado da pesquisa ou produto realizado pelos estudantes, reflete como foi o processo de orientação e a competência do orientador.

Infelizmente, são comuns, nos mais diversos cursos universitários, que esses processos de avaliação, essas bancas, portanto, se tornem uma parte do momento festivo da formatura. Há uma distorção total dos objetivos do TCC. Ele deixa de ser um momento acadêmico (ensino/aprendizagem) para se tornar uma festa em que a exigência da nota 10 ou do melhor resultado possível é o único que se espera. Na maioria das instituições de ensino superior, os projetos dos cursos normatizam que o processo de avaliação em uma banca de TCC é público, ou seja, qualquer pessoa pode assistir a apresentação, na linguagem acadêmica “defesa”, isso mesmo como uma atividade regulamentada na matriz curricular do curso. A apresentação pública é uma forma de mostrar para a sociedade que o novo profissional, subsidiado pelos impostos ou pelas mensalidades, está apto a ingressar no mercado profissional e servir às demandas sociais, seja no atendimento médico, por exemplo, sejam no serviço jurídico ou ainda nas mais diversas profissões autônomas. No entanto, esse processo público não pode interferir na circunstância acadêmica de formação. No momento da “defesa” do TCC deve existir, unicamente e na maioria das vezes, uma interação entre membros da banca e o estudante ou estudantes que apresentam seu trabalho. Nessa banca, não deve haver participação de coadjuvantes, ou seja, pessoas que não possibilitem analisar e avaliar o trabalho final. Destaca-se esse detalhe, devido a inúmeros casos em que o “convidado externo” ao curso é, em algumas vezes, um parente ou um amigo do aluno em avaliação.

Todos que frequentaram um curso universitário possivelmente passaram por essa etapa da formação. O TCC ou Projeto Experimental é momento de ensino, de tal forma que está contemplado nas Diretrizes Curriculares dos Cursos, documento que gerencia a política pedagógica dos cursos de graduação aferidos pelo MEC. É um momento muito rico para que os estudantes possam se qualificar e demonstrar que são capazes, ou de produzir um experimento na área profissional que está prestes a integrar, ou de realizar uma pesquisa científica sólida, argumentada e bem estruturada, fundamental para sedimentar o novo profissional nas áreas de ciências humanas, sociais, biológicas ou exatas. A seriedade que deve nortear esse momento da formação universitária está intimamente relacionada com a qualidade do futuro profissional. É uma irresponsabilidade orientadores, professores aprovarem alunos que não tenham as mínimas condições de atuação profissional.

O TCC se constitui num momento muito importante no processo de formação universitária e não pode ser relegado, seja pelos professores, seja pela instituição de ensino, a um sub-nível da formação, do sistema de avaliação. É um dever social, profissional, científico que as instituições de ensino valorizem os TCCs. Tratem essa etapa com muita responsabilidade, seriedade. Que as universidades e faculdades disponham todos os recursos necessários para que os trabalhos sejam realizados com a mais alta qualidade. É um compromisso com a sociedade. É um compromisso com a ética social.


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