Muito se discute, nesta época, sobre o formato do jornalismo nos próximos anos. Uma das certezas é que o jornalismo se fará e se faz a partir dos bancos de dados. Se no passado a apuração jornalística se realizava nas ruas e na documentação disponibilizada pelas fontes, há alguns anos muito do que se reproduz nas páginas dos jornais, nos telejornais diários é produto de uma extensa base de dados, seja no grande repositório chamado internet, seja nos acervos das empresas jornalísticas totalmente digitalizados e, portanto, em base de dados.
Antes de qualquer coisa, não obstante as opinões em contrário, a apuração do fato jornalístico se realiza nas ruas, direto na fonte. As empresas jornalísticas, no momento, obrigam seus repórteres a apurar por telefone, pratica desaconselhada, pois não há qualquer controle do que a fonte informa, principalmente quando se trata de fontes oficiais. O telefone é um valioso instrumento para agendamento do contato com as fontes, de agendamento da apuração. O contato direto com a fonte, o olho no olho é o que dá indicativos da veracidade dos fatos. Sem este contato, a fonte pode, de forma dissumulada, declarar mentiras com aparência de verdade, e isso é muito comum.
A apuração do fato jornalístico no chamado Big Data não isenta a busca de informações na rua, pelo contrário, é essa busca dos fatos, das informações diretamente com as fontes é que alimentam o Big Data. E esse armazenamento de informações, que se realiza há quase 50 anos ou mais, se tornou um grande fonte de informação, de dados que hoje subsidiam a produção da notícia. É possível se produzir grandes reportagens, quer dizer, extensas exclusivamente com dados disponíveis na internet.
O Big Data pode contribuir para produzir reportagens também de boa qualidade. Veja o exemplo da reportagem produzida pelo New York Times no endereço
http://www.nytimes.com/projects/2012/snow-fall/#/?part=tunnel-creek. A capacidade do Big Data não está somente no acervo de informações textuais, mas numa fonte ampla de dados multimídia que produz a riqueza da informação. Se se pensar que as informações devem ser contextualizadas, “visualizadas”, ou seja, que o leitor tenha não apenas leitura de texto, mas possa “assistir” e, portanto, se envolver com os fatos, com as informações apresentadas; e que a informação disponibilizada possa contemplar todas, ou pelo menos a maioria, das nuances e perspectivas do fato jornalístico, como bem demonstra o exemplo da reportagem do New York Times que, com certeza, não foi produzida no afogadilho da produção diária.
O exemplo da reportagem citada acima também sinaliza por um novo formato de produção e difusão jornalística. Se o jornal impresso está com dias contados, isso não determina seu desaparecimento. O jornal impresso tal como se conhece hoje mudará seu formato. É importante que o jornal impresso, assim como o telejornal possam apresentar ao leitor, ao consumidor de notícias informações contextualizadas, informações que o leitor possa compreender de maneira multimídia. E isso só poderá ocorrer no âmbito dos computadores, instrumento cada vez mais utilizado para recolher notícias. No caso do Brasil, a televisão ainda é o principal meio de acesso às notícias. Situação que deverá mudar muito breve, pois as pesquisas mostram que o acesso via internet supera a televisão em muitos países e logo acontecerá no Brasil.
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