As novas diretrizes curriculares para os cursos de Jornalismo definem, a partir de agora, uma estrutura importante para a formação universitária que, se bem organizada, farão o diferencial qualitativo para os cursos. Trata-se dos “Eixos” de fundamentação que perpassa toda a estrutura dos cursos a partir da homologação das novas diretrizes. Conforme o projeto, estes eixos estão assim configurados:
I - Eixo de fundamentação humanística, que tem por objetivo capacitar o jornalista a exercer a sua função intelectual de produtor e difusor de informações e conhecimentos de interesse para a cidadania, privilegiando a realidade brasileira, como formação histórica, estrutura jurídica e instituições políticas contemporâneas; sua geografia humana e economia política, suas raízes étnicas, regiões ecológicas, cultura popular, crenças e tradições, arte, literatura, ciência, tecnologia, bem como aqueles fatores essenciais para o fortalecimento da democracia, entre eles as relações internacionais, a diversidade cultural, os direitos individuais e coletivos, as políticas públicas, o desenvolvimento sustentável, as oportunidades de esportes, lazer e entretenimento; o acesso aos bens culturais da humanidade, sem descuidar dos processos de globalização, regionalização e das singularidades peculiares ao local, ao comunitário e à vida cotidiana.
II - Eixo de fundamentação específica, que tem por objetivo proporcionar ao jornalista clareza conceitual e visão crítica sobre a especificidade de sua profissão, tais como: fundamentos históricos, taxonômicos, éticos, epistemológicos; ordenamento jurídico e deontológico; instituições, pensadores e obras canônicas; manifestações públicas, industriais e comunitárias; os instrumentos de auto-regulação; observação crítica; análise comparada; revisão da pesquisa científica sobre os paradigmas hegemônicos e as tendências emergentes.
III – Eixo de fundamentação contextual, que tem por objetivo embasar o conhecimento das teorias da comunicação, informação e cibercultura, suas dimensões filosóficas, políticas, psicológicas e socioculturais, inclusive as rotinas de produção e os processos de recepção, bem como a regulamentação dos sistemas midiáticos, em função do mercado potencial, além dos princípios que regem as áreas conexas.
IV - Eixo de formação profissional, que tem por objetivo embasar o conhecimento teórico e prático, familiarizando os estudantes com o universo dos processos de gestão, produção, métodos e técnicas de apuração, redação e edição jornalística, fomentando a investigação dos acontecimentos relatados pelas fontes, bem como a crítica e a prática redacional em língua portuguesa, como os gêneros e os formatos jornalísticos instituídos, as inovações tecnológicas, retóricas e argumentativas.
V - Eixo de aplicação processual, que tem por objetivo proporcionar ao jornalista ferramentas técnicas e metodológicas, garantindo coberturas em diferentes suportes: jornalismo impresso radiojornalismo, telejornalismo, webjornalismo, assessorias de imprensa e outras demandas do mercado de trabalho.
VI – Eixo de prática laboratorial, que tem por objetivo desenvolver conhecimento e habilidades inerentes à profissão a partir da aplicação de informações e valores, integrando os demais eixos, alicerçados em projetos editoriais definidos e orientados a públicos reais, com publicação efetiva e periodicidade regular, tais como: jornal, revista e livro, jornal mural, radiojornal telejornal, webjornal, agência de notícias, assessoria de imprensa, entre outros.
Estes eixos compõe a estrutura, a espinha dorsal dos projetos pedagógicos dos cursos de Jornalismo e que definirão o perfil dos novos jornalistas egressos dos cursos universitários. Cabe destacar que esta estrutura dá liberdade aos professores e coordenadores de curso para constituir um projeto pedagógico que faça uma contextualização regional, atente para as características locais, seja do mercado profissional, seja da vocação regional, sem, de outro lado, fechar o projeto político pedagógico e fazer com que os egressos desses cursos não possam concorrer a vagas de atuação em outros espaços geográficos.
Cabe destacar também uma perspectiva de aprimoramento acadêmico e científico que proporciona e incentiva os estudantes de jornalismo a desenvolverem pesquisas científicas em jornalismo. Segundo o parecer do Conselho Nacional de Educação, “tais eixos possuem caráter bastante geral, possibilitando que as Instituições tenham bastante liberdade na composição das disciplinas e conteúdos a serem ministrados”.
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