Os cursos de Jornalismo, em todo país, estão na iminência de promover uma mudança radical no seu Projeto Pedagógico. Muitos cursos ainda trabalham com projetos pedagógicos com mais de 10 anos. Nestes casos, as mudanças que as novas Diretrizes Curriculares de Jornalismo orientam causará uma transformação significativa nas atividades, na filosofia, na política e no processo pedagógico.
A partir da reformulação dos projetos pedagógicos com base nas novas diretrizes curriculares de Jornalismo, uma nova figura se apresenta nas estruturas curriculares: o estágio obrigatório. O estágio é realizado hoje de forma totalmente irregular, um caos onde existe uma grande confusão entre as finalidades do estágio e a atuação profissional.
De certa forma, é lamentável verificar estudantes de último ano nos cursos de Jornalismo exaustos divididos entre o pseudo-estágio e as atividades de final de curso, entre elas, a produção do Projeto Experimental ou Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O último ano do curso, caracterizadamente o sétimo e oitavo período nas maioria dos curso, é um momento significativo no processo de aprendizagem, qualificação profissional e responsabilidade ética. O estudantes, neste estágio, amadurecido pelos três anos anteriores de ensino técnico-científico e práticas laboratoriais, se encontram num momento decisivo de sua formação. É quase um “tudo ou nada” se pensar pela iminência de sua inserção num mercado de trabalho altamente competitivo e cada vez mais qualificado. Neste último ano é o momento de dedicar todas as suas forças, toda sua atenção para as disciplinas “finais” de sua formação e, principalmente, para o TCC, no caso dos cursos da área de comunicação, do Projeto Experimental.
Um projeto experimental de qualidade não se faz em quatro meses, como a estrutura curricular tecnicamente programa. Um projeto experimental de qualidade exige dos estudantes de jornalismo, neste caso, uma dedicação de, no minimo, oito meses, ou seja, o período do último ano. Seja no sentido de preparar, argumentar, subsidiar, pesquisar o tema que será focado no projeto, o que levará pelo menos de dois a três meses, seja no aspecto de construir o projeto experimental que demanda, minimamente, os meses restantes do último ano, o oitavo período da formação. Neste aspecto, é importante destacar que estes estudantes estão numa Escola de Jornalismo! E que isso quer dizer? Que suas atividades de formação, de qualificação profissional se realizam no âmbito de um ensino universitário e, portanto, modelar para a área profissional, para o mercado profissional.
E o que se encontra nas salas de aula do último ano do curso, realidade presente em inúmeros cursos de Jornalismo? Estudantes que sempre estão atrasados para suas aulas, cansados, exaustos, não cumprem as atividades extra-classes e, mesmo em cursos de período diurno dormem nas salas de aula!
Essa realidade deveria fazer questionar os “administradores” dos pseudos-estágios a forma como as atividades dos estudantes de jornalismo estão desenvolvidas nas empresas, a contribuição dessa atividade para a qualificação do futuro profissional de jornalismo e se é esse futuro profissional que quer em suas empresas.
Regra geral o que se chama de estágio em jornalismo não é estágio, é exploração de mão-de-obra barata. Se o leitor verificar qual o espírito do estágio, definido pela legislação trabalhista e educacional, qual a finalidade do estágio, que forma deve ser desenvolvimento, facilmente verificará que o processo de estágio, seja no ensino médio ou no ensino superior, é organizado de forma que o estudante “acompanhe” o trabalho de um profissional e jamais o substitua. Os pseudos-prêmios que os estudantes, no caso do jornalismo, recebem como ter sua produção na “capa” dos jornais, ciberjornais, telejornais revelam um sistema de acorrentamento do “estagiário”. Numa comparação de certa forma grosseira, é a mesma coisa que a situação vivida pelas jovens brasileiras que são atraídas por uma viagem a Europa e escravidas em centros de entretenimento adulto. Ou seja, uma viagem à “maravilhosa” Europa e vivendo num prostíbulo.
As novas Diretrizes Curriculares para os cursos de Jornalismo implementam o estágio obrigatório e, portanto, curricular. As horas dedicadas ao estágio estarão contempladas na estrutura do curso e não haverá conflito entre esta atividade e as atividades regulares na universidade. Além disso, os estágios serão orientados pelos professores, serão fiscalizados pelas universidades e pelas entidades profissionais dos jornalistas, além do próprio Ministério Público do Trabalho.
Ainda sobre a questão do estágio, o professor Franklin Valverde produziu tese de doutorado sobre o tema, que deve ser lida por todos os interessados, principalmente os estudantes de jornalismo. A tese "
O papel pedagógico do estágio na formação do jornalista" pode ser acessada no seguinte endereço:
http://www.franklinvalverde.com.br/tese.htm
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