Em outro dia uma pessoa pergunta se o jornalismo tem técnica. E que se responde, sim, tem muita técnica. A linguagemn jornalística é técnica enquanto estrutura, é política, é economia, é sociologia, é psicologia enquanto conteúdo. Hoje é contumaz que os, principalmente, estudantes de jornalismo reivindiquem liberdade de texto. Afinal, com o advento dos bloques qualquer um pode ser jornalista. Será? Esse pleito, na maioria das vezes, travestido de jornalismo, nada mais é que um "achismo", um "opinismo" - e isso até parece uma linguagem bolebolense ou saramandista - sem qualquer procedimento de apuração. Como dizem por aí, os médicos acham que são deuses, os jornalista têm certeza. Essa prepotência perpassa os fracos ideais de jornalismo disseminado entre os estudantes.
É lugar comum entre quase todos os estudantes de jornalismo a afirmação de que se optou pelo curso porque alguém da família, da escola média sussurrou que o sujeito escreve bem, e o sujeito, depois dessa infusão conceitual, psicológica afirma a si mesmo que tem gosto pelo texto, que adora escrever. E como se fosse tão simples escrever nas terras de Guimarães Rosa, Carlos Drummond ou Manoel de Barros. Está aqui um exemplo, ou melhor, uma referência simbólica do bom texto, da gramática aplicada. Que o digam os pensamentos de todos aqueles que apreciam a obra de Manoel de Barros. A ilógica é completamente lógica, porque de depara com o inusitado, com o não-lógico.
Escrever é uma arte. E desta arte, este autor, entende muito pouco. Se arrisca num horizonte que lhe parece plano, onde acha que enxerga o próximo passo, mas pode estar diante de um grande abismo, sem qualquer suporte sob seus pés. O texto inteligente é fluído, seja técnico, seja literatura. O bom jornalismo é técnico e no entanto dissemina a boa informação, a informação qualitativa, coloca o homem diante do mundo. O profissional da letra do jornalismo nunca foi tão essencial quanto nos últimos segundos! Sim, segundos porque a vida atual passa no limite entre o que passou e o que será. É uma eterna passagem, onde o presente não existe, mas é ele, o presente, que o jornalista difundi a cada dia.
Jornalismo é uma técnica e, portanto, não admite aventuras tresloucadas, isso é outra história, isso é literatura. Dessa forma, não se pode improvisar, as estruturas a seguir, estruturas que podem colocar o mundo na página do jornal, no portal de notícias, na tela de televisão ou no falante do rádio. Assim, não há que se comparar o jornalismo com a linguagem coloquial. A tentativa de impor ao jornalismo a linguagem coloquial promove lesões traumáticas que comprometem a compreensibilidade da informação. E pelos mais diferentes contextos, diferentes culturas, diferentes sociedades para os quais o jornalismo serve, é serviço e se adapta, não se sublima em detrimento de suas técnicas.
Inúmeras vezes se pergunta, o jornalismo deve ser objetivo? Não, o jornalismo é subjetivo, no entanto o jornalismo deve buscar, sempre, a objetividade. O contexto em que ele vive é que determina sua subjetividade.
Nestes tempos há uma enorme pobreza, se é que se pode medir a pobreza, nos textos produzidos pelos estudantes de jornalismo, poucos se destacam. Essa pobreza é corroborada pela tal "liberdade de texto", por um - e novamente na linguagem de Bole-Bole - opinismo, achismo sem qualquer sustentação, sem uma rigorosa, como diz muito bem o professor Edson Silva, pesquisa jornalística. O tempo é o grande inimigo da pesquisa jornalística e o achismo impera. Está passada a hora dos jornalistas se pré ocuparem e se ocuparem em produzir um jornalismo de precisão, um jornalismo apurado e de bases sólidas de dados.
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