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E os jornalistas estão preparados para os cibermeios?

Opinião | Quinta-feira, 04 de Agosto de 2016 - 14h44 | Autor: Gerson Luiz Martins
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Há algum tempo foi publicada uma reflexão sobre as condições de leitura do produto jornalístico, notícias e reportagens, nos cibermeios pelos consumidores de notícia, pelo leitor dos jornais na internet. Agora é importante tratar do produtor de notícias, do jornalista, daquele que escreve, produz, todos os dias, notícias e reportagens para os cibermeios jornalísticos. E é importante afirmar que há uma insatisfação generalizada do leitor e do também de muitos editores pelas condições de produção de notícias e reportagens nesse formato de jornalismo.

É certo que o jornalismo muda a cada dia. Também é fato que o consumo maior de notícias acontece por meio das redes sociais, principalmente Facebook. A audiência maior dos cibermeios jornalísticos é decorrente das notícias distribuídas pelas redes sociais, entre elas o Facebook, como principal agente e o Twitter, e também, majoritariamente pelos dispositivos móveis, com um crescimento acentuado dos smartphones, seguido dos tablets, com uma queda acentuada a cada ano.

A forma de produção em jornalismo para os cibermeios tem um formato diferenciado do formato para televisão, para o rádio e para o jornalismo impresso. Os cibermeios disponibilizam ampla possibilidades tecnológicas que potencializam a compreensão da notícia, além de proporcionar acessibilidade em qualquer condição, situação ou ambiente. Fazer jornalismo para os cibermeios é muito diferente, fazer jornalismo para ser consumido pelos dispositivos móveis, celulares e tablets impõe uma nova compreensão da atividade jornalística e preparo conceitual e técnico para execução.

Há algum tempo que profissionais e pesquisadores, em todo mundo, debatem o que é fazer jornalismo na internet e o que é fazer jornalismo para celulares e tablets. Em Portugal, por exemplo, acontece, há três anos um congresso específico de jornalismo em dispositivos móveis, organizado por pesquisadores da Universidade da Beira Interior, localizada na cidade Covilhã. O congresso acontece, regularmente, em novembro e debate temas como “forma de distribuição de conteúdos para dispositivos móveis”, “novas linguagens e novos formatos jornalísticos”, entre outros aspectos.

Fazer jornalismo no século 21, é preciso ter isso muito claro, é muito diferente do que os profissionais aprenderam, nas universidades ou na prática, do que se fazia há 10 anos atrás. Os tempos anuais em tecnologia e internet são lapsos de tempo. Mencionar cinco anos na internet é mencionar uma eternidade, há um longo tempo atrás. As tecnologias mudam do dia para a noite. E é preciso estar preparado. É preciso dominar essas condições. O jornalista do século 21 não pode ser somente um bom redator, um bom investigador, um bom repórter. Obrigatoriamente tem que conhecer muito mais do jornalismo que se pratica e que pode ser praticado na atualidade. Desde questões muito simples, básicas quando se trata de cibermeio jornalístico que é o hipertexto, fundamental para a produção jornalística na internet. O jornalista precisa saber o que significa que sua reportagem será lida, consumida num telefone celular. Que condições esses jornalistas possuem para produzir uma notícia que será consumida, ou seja, muito mais do que lida, em todo mundo e em celulares? Qual o impacto desse produto para as pessoas que buscam informação nessas condições?

O jornalista que atua nos cibermeios deve ser um profissional que cria e não somente que transmite, tem que ser um organizador e não somente um intérprete. Na imensidade de informações que o público recebe todos dias, o jornalista tem um papel imprescindível. Nunca o trabalho do jornalista foi tão importante.


Jornalista e pesquisador do PPGCOM e do Ciberjor UFMS
gerson.martins@ufms.br

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