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Estágio em Jornalismo: a hora de formar um bom profissional

Opinião | Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2013 - 10h42 | Autor: Gerson Luiz Martins
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Um tema recorrente quando se fala na formação universitária do jornalista é a questão do estágio. Em artigo anterior, publicado em 16 de maio de 2013, se refletiu sobre o bem e o mal que o estágio irregular provoca na qualidade da formação dos novos jornalistas. Do lado dos estudantes, se pode ratificar, o fato de conseguir uma oportunidade de estágio, receber uma remuneração por trabalho naquilo que se gosta, poder compartilhar o que se estuda e o que se faz é uma excelente situação. Como quem diz, "sou pago para fazer aquilo que gosto", mesmo que, depois de formado, não tenha mais a oportunidade do trabalho, mesmo que execute o trabalho de um profissional e trabalhe mais de 30 horas por semana.

Estudantes, professores, profissionais, empresário, agência de intermediação de estágio sabem, a partir de agora, que esta situação mudará brevemente. Com a implantação das novas Diretrizes Curriculares de Jornalismo, obrigatória para todos os cursos de Jornalismo, o estágio se tornará obrigatório. Em muitos casos, não haverá mais a necessidade da intermediação das agências, a própria universidade gerenciará o processo, assim como o fazem nas outras áreas profissionais onde o estágio é obrigatório.

De certa forma, as agências lucram com o estágio irregular. Promovem contratos de trabalho fora dos regulamentos de estágio aprovados pelos cursos de Jornalismo. E como atendem a uma expectativa dos estudantes, se aproveitam do ímpeto e do desejo para emitir Termos de Compromisso de Estágio que promovem a precarização do trabalho profissional. A essas agências interessa atender as empresas, não estão preocupados com o bem-estar do estudante, com sua aprendizagem, com a valorização profissional e, muito menos, com a qualidade da formação.

Em todo esse processo, o que ocorre? Uma desqualificação profissional, uma desvalorização da profissão e, enquanto os estudantes entendem na qualificação de seus estudos, na realidade promovem a precarização de sua própria profissão. O resultado disso? Salários aviltantes, péssimas condições de trabalho, horas continuas e extenuantes de trabalho, pois o estudante deve cumprir atividade que deveria ser de um profissional, sem estar preparado para tal. O dispêndio de energia, de dedicação compromete seus estudos e seu cotidiano. Numa situação hipotética, mas não tão hipotética assim, o estudante iniciar seu trabalho, no "estágio" às sete horas da manhã, termina às 13h00 e logo em seguida começa sua jornada universitária às 14h00 até 18h, 19h00. Quando chega em casa está exausto e sem condições de realizar suas tarefas universitárias, seus estudos, sabe que na manhã seguinte deverá acordar às 5h00 para reiniciar sua rotina "profissional".

O processo de estágio, supervisionado, é um momento rico de qualificação profissional em nível superior em que o estudante tem a oportunidade de aliar a teoria, prática trabalhadas no âmbito do curso universitário com a realidade, com as rotinas do exercício de sua profissão. Deveria ser um momento de inovação, em que as empresas pudessem desenvolver habilidades, novas possibilidades de geração do seu "produto". Em outras palavras, aproveitar o potencial do ensino superior para oxigenar suas ações.

Na maioria dos casos, as empresas estão cegas para este potencial. Preferem "enquadrar" os estagiários a lhes oferecer oportunidades para que desenvolvam suas potencialidades.


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