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Estágio em Jornalismo, para o bem ou para o mal?

Opinião | Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2013 - 07h41 | Autor: Gerson Luiz Martins
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Nos próximos dias deverá ser aprovado, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) as novas diretrizes curriculares dos Cursos de Jornalismo. Esse documento vai nortear a revisão dos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Jornalismo no Brasil. É importante destacar que não haverá mais Curso de Comunicação Social e habilitações nas diversas áreas profissionais. Comunicação é uma área do conhecimento e não uma profissão. A partir da aprovação das novas Diretrizes para os Cursos de Jornalismo, todas as universidades deverão reformular seus projetos pedagógicos dos cursos da área de comunicação e dar nova denominação, ou seja, Curso de Jornalismo, Curso de Publicidade/Propaganda, Curso de Relações Públicas, Curso de Rádio, TV e Internet, conforme determina os Parâmetros Curriculares Nacionais.

O projeto original das novas Diretrizes, elaborado em 2009 e que agora será analisado, revisado e aprovado pelo CNE, previa o Estágio Supervisionado obrigatório em Jornalismo. No documento final, a ser publicado pelo CNE não se sabe se esta questão permanecerá. De qualquer forma, o estágio em jornalismo é uma realidade há vários anos e, mesmo sendo ilegal, um acordo entre a Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ e o Ministério do Trabalho permitiu essa atividade desde que regulamentada. Em Campo Grande, entre os quatro cursos de Jornalismo em atividade, somente o Curso da UFMS possui um Regulamento de Estágio. Os demais estudantes de Jornalismo não têm amparo legal para estágio e podem ser denunciados a qualquer momento. O Regulamento de Estágio prevê um acordo tríplice assinado pela universidade, empresa que oferece o estágio e o Sindicato dos Jornalistas, normalmente intermediado por uma instituição que gerencia estagiários como IEL e CIEE. A universidade que constituiu o Regulamento de Estágio também está obrigada a constituir uma Comissão de Estágio que vai supervisionar as atividades dos estudantes que atuam nas mais diversas empresas jornalísticas.

O estágio em jornalismo, sem qualquer dúvida, é um bem. Proporciona aos futuros jornalistas uma experiência que ele não terá na universidade, mesmo que esta tenha bons laboratórios de comunicação. Além disso, o exercício diário do jornalismo é muito diferente da produção do jornal laboratório, por exemplo, que na maioria das universidades é produzido mensalmente. Fazer jornalismo diário é muito diferente do jornalismo mensal, onde a maioria das reportagens são “frias”, ou seja, não apresenta o cotidiano da população.

De outro lado o estágio em jornalismo é um mal. Os estagiários, em sua maioria, não tem uma supervisão de professores e de jornalistas profissionais, não há um orientação de suas atividades e, assim, o risco de informações falsas, mal apuradas é enorme. Na situação atual, o estagiário ocupa a vaga de um jornalista profissional, o estagiário é mais barato para as empresas e pode ser substituído sem muita burocracia trabalhista. O estagiário, sem supervisão, está despreparado para inúmeras situações de contraste na produção da notícia, não tem ainda conhecimento suficiente para contextualizar uma reportagem, indagar adequadamente uma fonte.

Segundo o Sindicato dos Jornalistas há, hoje, uma oferta maior de vagas para jornalistas profissionais. O mercado cresceu e os salários não acompanharam a demanda por profissionais. Resultado. A maioria dos jornalistas profissionais, mais experientes atuam nas assessorias de imprensa ou de comunicação que oferecem salários e condições de trabalho melhores. Sobra para as redações a mão-de-obra barata na figura do estagiário.

E se o leitor perguntar “e como fica a qualidade do jornal?” É aí que está o problema, pois a empresa jornalística sem profissionais qualificados, egressos dos cursos de Jornalismo arrisca a qualidade do seu produto e a credibilidade do jornal. É um risco que se corre e é muito comum fontes do jornalismo diário, ou seja, aquelas pessoas que normalmente fornecem informações aos repórteres, reclamarem da incapacidade, do desconhecimento para não dizer da ignorância dos repórteres para os mais diversos assuntos, temas.

A aprovação das novas Diretrizes Curriculares para os cursos de Jornalismo será um importante instrumento para qualificar e organizar essa situação. Os cursos de Jornalismo que optarem pelo estágio supervisionado deverão constituir uma Comissão de Acompanhamento e Regulação dos estagiários e ainda instituir o Regulamento para definir, por exemplo, em que período o estudante poderá realizar o estágio e sob quais condições.


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