O crescimento do jornalismo na internet demanda profissionais capacitados, qualificados para uma tarefa que é muito mais complexa que se apresenta num primeiro momento. Hoje os meios digitais possibilitam informar com recursos que ultrapassam a palavra escrita, oferece um leque de ferramentas que o jornalista deverá saber manejar e complementar no momento de produzir a notícia. As escolas de jornalismo tem que formar profissionais para estes novos meios, pois há inúmeros cenários, possibilidades que requerem especialistas de diferentes perfis e de um perfil polivalente, multimídia capaz de produzir e compreender conteúdos em diferentes linguagens e meios.
Para o jornalista que compreende e sabe trabalhar com as ferramentas do ciberjornalismo, a hora de definir, por exemplo, a extensão do texto, deve avaliar que nem toda informação deve ser produzida em texto, as fotos, vídeo e áudio complementam o que está escrito e não se sobrepõe. Essa característica deve ficar muito clara e ser compreendida pelo ciberjornalista para que produza notícias com textos claros e concisos, sem serem supérfluos. Também é importante compreender, por outro lado, que o texto se produz sempre com hipertexto, com os links, com vínculos a páginas, informações externas ou a outras seções. Os links são criados com um sentido e profundidade que variam conforme o tipo de notícia. Importante que esses links, hipertextos não podem ser esquecidos na estrutura de um texto noticioso na internet.
Importante lembrar para jornalistas profissionais e estudantes de jornalismo que a sociedade avançou muito mais do que os jornalistas em suas atividades profissionais. Num mesmo e único formato, os jornalistas, os jornais querem continuar a produzir notícias da mesma forma, de maneira massiva, sem pensar num audiência que pouco se conhece, com pouquíssima interação e sem jamais consultar se as expectativas foram satisfeitas.
A linguagem, o suporte no ciberjornalismo não pode mudar a essência na produção jornalística. O profissional de jornalismo deve produzir notícias “na rua”, sobre tudo aquilo que preocupa a sociedade. A internet facilita a rapidez na difusão da informação e possibilita notícias sempre recentes. No entanto, os ciberjornais devem realizar análises críticas e aprofundar a informação. O profissional que se dedica ao ciberjornalismo deve ter consciência, conhecimento da perspectiva de um novo leitor, que busca mais informações, novos conhecimentos e que demanda facilidade para ler e compreender a notícia.
O ciberjornalismo impõe novas formas de produção da notícia. Estas novas formas requerem uma formação específica dos profissionais de jornalismo. Entretanto, como a especificidade da formação específica em jornalismo ainda é algo recente; por muitos anos, desde o início do governo militar, na década de 60 do século 20, se instalou a formação em comunicação; se pensar em qualificação nas especificidades do jornalismo é algo que ainda vai demorar alguns anos. Nesse meio tempo, cabe aos profissionais realizar a qualificação, neste caso, em ciberjornalismo, por meio dos cursos de pós-graduação, principalmente dos chamados cursos de especialização (lato-sensu), ou por meio das atividades dos Grupos de Pesquisa em Ciberjornalismo existentes nas universidades.
Não existe, até este momento, qualquer curso universitário de qualificação em ciberjornalismo. As possibilidades que se apresentam se realizam por meio de cursos, seminários, simpósios e outras atividades dedicadas ao ciberjornalismo. Atividades que são desenvolvidas nos núcleos de pesquisa das universidades.
A qualificação em ciberjornalismo é a única forma para que os profissionais – a cada dia em maior número – se dediquem e exerçam seus trabalhos nos inúmeros portais de notícias na internet. Não é mais possível admitir que esses portais produzam notícia, informação como se fosse para jornais impressos ou para o jornalismo de televisão. A tão propalada busca pela audiência e, consequentemente, pelo subsídio publicitário não logrará êxito se a qualidade do que se produz não for satisfatória em consequência da falta de habilidade de profissionais e empresários do jornalismo. Tampouco se essas mesmas empresas continuarem tratando o ciberjornal como um apêndice de suas atividades e contratar apenas estudantes despreparados.
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