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Jornal Laboratório é objeto de pesquisa

Opinião | Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012 - 11h57 | Autor: Gerson Luiz Martins
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O jornal laboratório é uma prática, em tese, comum nos Cursos de Jornalismo no Brasil. Conforme determinava as Diretrizes Curriculares do Curso de Jornalismo estabelecidas pelo MEC, os cursos eram obrigados a produzir, no mínimo, oito edições por ano do jornal laboratório. Devido a inúmeras circunstâncias, essa exigência não é cumprida. Alguns cursos produzem até muito mais do que as oito edições. O jornal laboratório da UCDB, em Campo Grande, produziu, durante alguns anos, as oito edições em apenas dois meses, no ano produziram 32 edições.

O jornal laboratório é requisito fundamental para a prática da produção da notícia no ambiente acadêmico, uma tentativa de estágio profissional no âmbito dos cursos. É um momento privilegiado para o exercício da atividade que os futuros jornalistas realizarão. Há inúmeros formatos e inúmeras formas de produção e publicação dos jornais laboratório. Não convém entrar nesse detalhamento, visto que este espaço é exíguo. O que é importante ressalvar nesta reflexão é a importância desse produto dos cursos de Jornalismo e a potencialidade que possui para distribuir informação para a sociedade, se for distribuído para a população.

Importante também destacar que o jornal laboratório não se restringe ao impresso, ao papel, mas pode ser realizado na internet, por meio dos portais jornalísticos ou ainda no rádio e na TV; veja os programas das TV’s universitárias e das emissoras educativas das universidades. As emissoras de rádio FM que as universidades ganharam concessão têm caráter educativo, foram autorizadas para esse fim. Se as emissoras não realizam esse perfil, de prestação de serviço à comunidade do ponto de vista da educação, então não cumpre o seu papel educativo e devem ser denunciadas. A questão aqui não trata desse assunto, mas do processo de produção da notícia nos jornais laboratórios.

A produção da notícia, a seriedade da apuração e a veiculação e distribuição dos jornais laboratórios não são menores, em qualidade e importância, do que os jornais produzidos pelas empresas jornalísticas, como por exemplo, neste jornal O ESTADO MS. Os procedimentos orientados para a pauta, apuração, redação, edição, publicação das informações seguem rígidas recomendações dos professores e orientadores e, em tese, deveriam ser “jornais modelo”.

Fica a pergunta: por que, no processo de apuração da notícia, as fontes não oferecem atenção para os estudantes de jornalismo que os procuram? Há inúmeros relatos, principalmente entre as fontes oficiais, que o estudante de jornalismo demorou mais de uma semana para conseguir falar com a fonte, principalmente quando se trata de dirigente, coordenador, presidente, gestor de alguma instituição pública! É importante valorizar o Jornal Laboratório. É importante dar atenção para os futuros repórteres para que possam realizar, de forma adequada, o aprendizado da apuração, momento crucial para a qualidade da reportagem, da notícia.

É tradição, em Campo Grande, a distribuição dos jornais laboratórios aos domingos na Afonso Pena. Até 2002, os exemplares desses jornais mofavam nos depósitos das escolas. Um material de alta qualidade e riquíssimas informações não poderia ficar “guardado”. A distribuição na avenida proporcionou uma opção ao leitor de material de qualidade em comparação ao que se fazia nos domingos. A qualidade editorial, os experimentos jornalísticos realizados pelo Jornal Laboratório devem merecer, minimamente, a atenção dos leitores em geral e das fontes em particular. Somente com a qualificação, valorização desses jornais e do trabalho dos seus repórteres será possível melhorar o jornalismo que se produz a cada dia.

Em 2010 o jornal laboratório foi objeto de pesquisa do Mestrado em Estudos da Linguagem da UFMS. A jornalista, professora e pesquisadora Cristina Ramos se dedicou durante dois anos a estudar o perfil, o fenômeno do jornal laboratório em Campo Grande e o que isso significa para a formação dos novos jornalistas. Cristina Ramos também se dedicou a estudar os formatos, os gêneros utilizados nos jornais laboratórios. Esse estudo é importante, pois repercute na produção do jornalismo diário que o público recebe nas emissoras de TV, de rádio, na internet ou nas edições impressas. Hoje, a maioria dos jornalistas em atividade nas redações são egressos de algum curso de jornalismo e, portanto, passaram pelo processo de produção do jornal laboratório. Ou seja, as notícias que lemos, assistimos ou ouvimos todos os dias são os resultados dessa aprendizagem. Se está adequado ou não, o resultado da pesquisa de Cristina Ramos poderá apontar indicativos.


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