A primeira notícia pode ser caracterizada de diversas formas. Pode ser a primeira notícia do dia, ou seja, o fato mais relevante nas primeiras horas. Pode ser também a notícia mais importante no jornalismo diário, aquela que foi mais comentada, mais lida, que teve mais repercussão. Também pode ser a primeira notícia do repórter, a primeira notícia do “foca”, como é designado o novato como repórter. São diversas as possibilidades semânticas do termo “Primeira Notícia”.
O Primeira Notícia, neste caso, um produto de experimentação laboratorial dos alunos do Curso de Jornalismo da UFMS se constitui de um cibermeio que veicula as notícias e reportagens produzidas pelos estudantes. Por se tratar de um cibermeio, a experimentação é rica de conteúdo e de possibilidades. É preciso aprender, conhecer e dominar as técnicas do produto jornalístico, das características do jornalismo na internet, do ciberjornalismo, que compreende não somente produzir um bom texto, mas saber produzir e editar um áudio de entrevista ou de uma locução (radiojornalismo), produzir e editar um vídeo com informações sobre o fato reportado (telejornalismo) e ainda produzir um modelo infográfico, a partir das dezenas de banco de dados que possa orientar, contextualizar e ampliar a informação para o leitor.
O Primeira Notícia é um ciberjornal laboratório produzido pelo Curso de Jornalismo da UFMS que proporciona aos estudantes as possibilidades, condições para se qualificarem como jornalistas que podem atuar nos portais de notícias da internet. Este produto laboratorial está organizado para a produção de notícias e também de reportagens multimídias, chamadas reportagens “longforms”. Se trata de uma experimentação sem qualquer vinculo político, financeiro, comercial e mesmo editorial. O sistema de produção possibilita ampla liberdade para apurar e publicar informações sem qualquer amarra de um cibermeio comercial.
Alguns procedimentos são basilares. O repórter do Primeira Notícia tem que estar na rua. Como dizia Samuel Wainer, “lugar de repórter é na rua”. Essa dinâmica não exclui, pelo contrário, privilegia a busca de informações nos bancos de dados. O telefone serve apenas para marcar as entrevistas com as fontes. A produção da notícia ou da reportagem é feita na rua. Além disso, é também obrigatório que todas as notícias estejam permeadas de hipertextualidade, ofereçam informações em áudio e vídeo, e também, quando o assunto demandar, a produção de infográficos.
É preciso compreender que o contexto da informação, da notícia, do jornalismo na internet tem outro significado. Requer do repórter compreensão de todas as possibilidades de informação, de contextualização do fato, requer ainda que o jornalista compreenda que a informação jornalística na internet não é linear. O leitor é quem define como fará a leitura, como navegará pelas possibilidades de informação. Os estudantes repórteres devem compreender que a leitura de informações jornalísticas na internet é diferenciada, o leitor primeiro escaneia as informações para definir por onde começará a explorar. Ele pode começar pelo vídeo, pode começar pelo áudio, pode começar pela foto, pelo infográfico, e até mesmo pelo texto. Diferentemente do jornal impresso onde o leitor tem a percepção visual completa da folha de informação, nos cibermeios ele visualiza parte do conjunto, na maioria das vezes. Dessa forma, haverá sempre uma perspectiva não linear para a leitura, sem regras por onde começar. Todas as informações, todos os parágrafos das notícias, nesse caso, são importantes e devem se constituir em conjuntos autônomos de compreensão.
O Primeira Notícia, disponível em www.primeiranoticia.ufms.br, se tornou um experiência singular, rica, diversificada e um campo para testar novas tecnologias para o jornalismo na internet, para o ciberjornalismo.
Jornalista e pesquisador do PPGCOM e Ciberjor/UFMS
gerson.martins@ufms.br
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