A maioria da população brasileira conhece os fatos, acessa as notícias, principalmente, por meio do telejornalismo. Embora exista um crescimento acentuado e significativo a cada ano, a internet responde pelo segundo lugar nesse tipo de acesso. Essa situação faz do telejornalismo o principal responsável pelo que as pessoas discutem, como planejam suas vidas, como se relacionam na família, na sociedade, nos estudos e no trabalho. Uma anedota de vários anos atrás ainda continua válida, ou seja, o “país para para ver o Jornal Nacional”. Mesmo com a oferta muito maior de informação, por meio das emissoras de TV a Cabo, ainda é nas emissoras locais que a população tem acesso às informações. O vídeo, pelas suas características e apelos – visual, auditiva, cinestésica, colorida – prende mais a atenção das pessoas.
A mídia em geral, por conhecer claramente essa situação, promove o que se poderia chamar de “oba-oba” na veiculação jornalística. É cada dia mais frequente o conhecido “erramos” nos noticiários televisivos e, notadamente, no Jornal Nacional que, segundo seu manual de procedimentos, considera inadmissível qualquer erro. O fato da vez está na divulgação dos indíces de inflação anual, o IPCA, realizado pelo programa Conta Corrente da GloboNews em que foi apresenta ao público distorção entre as barras do gráfico ilustrativo e os números reais da inflação medida. Os estudiosos mercadológicos e políticos da mídia televisiva conhecem muito bem o impacto visual do meio e sabem que, muitas vezes, as pessoas se atem à figura do que ao texto. Ou seja, o gráfico mostrado incutiu na memória das pessoas que a inflação no país, em 2013, foi superior a dos anos anteriores, segundo o gráfico – que pode ser conferido no internet, no endereço http://revistaforum.com.br/blogdorovai/2014/01/11/grafico-da-inflacao-da-globonews-e-o-que-se-pode-chamar-de-vandalismo-jornalistico/, 2013 teve um IPCA maior do que 2012, 2011, 2010 e 2009.
É importante saber que nenhuma informação é isenta de ideologias ou posicionamentos políticos e econômicos. Toda informação divulgada, mesma aquela que traduz um Boletim de Ocorrencias da polícia é editada segundo um manual de procedimentos das emissoras de televisão, dos jornais impressos, dos cibermeios, e, portanto, não é imparcial como recomenda os manuais de jornalismo. O fato ocorrido com o programa da Globo News denota perfeitamente essa situação. Qualquer informação publicada é checada inúmeras vezes antes. Os repórteres tem a responsabilidade de checar dados, conferir e revisar textos; no caso dos cibermeios, pré-visualizar a página da notícia para que qualquer dado, informação, foto, vídeo, ilustração como um infográfico possa incorrer em erro, possa apresentar informações incorretas. E este processo também é realizado pelos editores, aqueles jornalistas que são responsáveis por um conjunto de notícias de um mesmo tema.
No caso da Globo News pode ter havido erro de infográfico, pode. De qualquer forma demonstra como a informação pode ser, e é, manipulada em favor de uma ideologia política ou econômica. E como a televisão tem um forte apelo visual, aquilo que se vê na tela não necessáriamente é a realidade do fato. É o que os pesquisadores de comunicação chamam de infoentretenimento, no que se tranformou o jornalismo, principalmente o telejornalismo. Um polêmico jornalista e estudioso de jornalismo, José Arbex, chama de “showrnalismo” em livro lançado em 2001.
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