O que o leitor pensa quando se fala em qualidade de um produto? Qualidade de uma lata de achocolatado, qualidade de um sabonete, qualidade de uma mesa, qualidade de um aparelho de televisão, qualidade de um shampoo? Quando se fala em qualidade avaliamos os componentes envolvidos na produção daquele bem, na consistência, estrutura e matéria-prima das substâncias ou itens desse bem, desse produto. Ou seja, todos nós sabemos claramente como identificar quando um produto tem qualidade ou não.
Esses critérios de qualidade também podem ser aplicados à mídia em geral, programas de televisão, jornais impressos, ciberjornais, programas de rádio, entre vários outros. No entanto, para conseguirmos medir a qualidade é necessário critérios, para verificarmos em que medida os produtos midiáticos têm qualidade. Importante lembrar que qualidade de conteúdo não está diretamente ligado a qualidade jornalística. Em princípio deveria estar, ou seja, um conteúdo jornalístico deve, necessariamente, ter qualidade, seja do ponto de vista da produção da notícia, seja para o objetivo final da notícia, oferecer informações ao público leitor. No entanto, qualidade da produção jornalística, ou seja, rigor na apuração, verificar os vários lados da notícia, a adequação do texto, a correta estrutura do conteúdo, ou seja, todos os fatores que promovam a compreensibilidade do texto é imprescindível para a qualidade da produção jornalística.
Do ponto de vista do leitor, do consumidor de notícias, os critérios de qualidade podem ser diferentes. Os critérios de aferição de qualidade por parte do consumidor de notícias devem estar subjacentes à qualidade do processo de produção da notícia. Para o consumidor de notícia, independente do processo de produção, pois a este não interessa como são produzidas as notícias, mas que elas relatem verdadeiramente os fatos (verdade), sejam bem apuradas (equidade), ofereçam o mais amplo contexto que facilite a compreensibilidade (justiça, cultura, democracia, educação, entre outros valores). Estes critérios indicam uma escala de valores que são utilizadas para aferir a qualidade do jornalismo, neste caso, do ciberjornalismo de forma objetiva. A escala ou inventário de valores foi desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa Laicom, da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) para ser aplicada nos vídeos publicitários, a princípio, mas que podem ser aplicadas também a qualquer produto midiático que se apresente de forma concreta, seja nas páginas de um jornal, num portal de notícias e outros meios, além do audiovisual.
O inventário de valores elaborados pela equipe do Laicom/UAB teve como origem vários documentos, entre os mais importantes a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, a Constituição da Espanha e a Constituição do Brasil. A partir destes documentos, os pesquisadores categorizaram os valores em valores educativos, são os relacionados com as ações dirigidas a melhorar as faculdades intelectuais, morais e físicas do ser humano; valores humanos, são os relacionados com a defesa da dignidade, da satisfação das necessidades e o desenvolvimento físico e mental do ser humano e valores sociais que são os relacionados com o apoio para a inserção, defesa dos direitos e a difusão dos deveres do ser humano nas organizações sociais.
Como se pode perceber, a partir deste inventário de valores é possível mensurar, de forma quantitativa e qualitativa, a qualidade de um produto jornalístico para o leitor, para o consumidor de notícias. Pesquisa desenvolvida na UFMS busca medir a qualidade dos conteúdos em ciberjornalismo a partir desses critérios. De forma aplicada, ou seja, no uso das metodologias das ciências exatas, procedimento pouco comum nas pesquisas na área das ciências da comunicação, a pesquisa utiliza um conjunto de testes para aferir essa qualidade com grupo experimentais, ou seja, com grupo de pessoas que pertencem a estratos sociais definidos. Como essa metodologia pode ser aplicada a qualquer estrato social, o que acontece são análises, resultados que podem ser classificados conforme o perfil do grupo em avaliação.
Assim, haverá perfil de qualidade de conteúdo para cada grupo diferentemente, com a possibilidade de avaliar grupos mais gerais, ou seja, que reúna diferentes perfis e se ter um resultado que se aproxima da média geral do público consumidor de notícias, neste caso. De outro lado, a pesquisa, e se interessar às empresas de mídia, poderá obter resultados diferentes para cada grupo, ou seja, para estudantes universitários, para diferentes classes profissionais, para grupos de bairros, etc. Nestes tempos, qualidade é condição essencial para o sucesso de um produto ou atividade.
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