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Redes sociais como fonte para os jornalistas

Opinião | Segunda-feira, 07 de Março de 2011 - 22h08 | Autor: Gerson Luiz Martins
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Nos últimos meses experimenta-se um crescimento acentuado no uso das redes sociais, entre elas e principalmente o Facebook. Mais do que uma rede de relacionamento entre amigos, o Facebook também é uma inesgotável fonte de pautas para jornais, programas de TV, rádio e internet. Com o uso mais frequente e maior da rede pelas pessoas, se tornou uma fonte de pesquisa e, muito mais agora, uma fonte de pauta para os noticiários. Esse fato também está diretamente relacionado a utilização da redes sociais, em especial o Facebook pela empresas, pelos políticos e pelo próprio governo, fonte principal de informações de interesse publico.

A situação revela um outro lado, muito caro ao jornalismo, o processo de pesquisa e apuração da notícia. Com os dados disponíveis na internet, nas redes sociais muitos repórteres se limitam a esse espaço para produzir suas reportagens. Sabidamente esse não é processo correto, ético, profissional para produzir uma notícia, muito menos uma reportagem. A produção da notícia, da reportagem requer pesquisa, apuração, trabalho de rua. Muitos fatos ocorridos nos países árabes durante as manifestações populares são veiculados, propagados pelas redes sociais. Essa é uma propriedade muito importante da redes sociais e contribuem para a democratização dos países. Promove a integração e ajuda na difusão das informações, até mesmo sem depender dos jornais, das TVs ou das emissoras de rádio. A mídia, como muitos chamam a internet, promove a difusão de informações, dos fatos políticos, sociais e econômicos.

É inaceitável que um jornalista se limite a apurar as notícias somente com dados coletados na internet. A produção de uma noticia requer a pesquisa prévia, que também pode ser utilizada a internet, o agendamento das entrevistas com as fontes envolvidas na pauta, e em seguida a verificação dos dados apurados com as fontes em todos os meios possíveis e principalmente com outras fontes pessoais, documentais e até mesmo na internet, nas redes sociais.

A apuração das notícias nas redes sociais também não pode ser realizada de qualquer forma. No universo das redes sociais há informações confiáveis e há milhares de informações sem qualquer credibilidade. O processo de apuração na internet não é tão simples como parece, não basta apenas digitar o tema procurado na busca do Google ou de qualquer outro buscador. Há critérios. O professor da UFSC, Elias Machado, dedicou um estudo amplo, publicado em livro – O ciberespaço como fonte para os jornalistas – para cobrir os principais aspectos relacionados a esse tema. A questão se revela tão importante que o autor diz que “o jornalista deve operar em perfeita sintonia com o departamento de tecnologia das organizações”. A quantidade e a qualidade das fontes na internet é complexa. Cotidianamente os jornalistas se perguntam onde vou buscar as informações que necessito, quais organismos, entidades confiáveis, quais informações são confiáveis na internet? Há milhares de fontes espalhadas em escala mundial. É preciso, portanto, critérios para que o repórter não fique prolongadas horas apenas no trabalho de pesquisa. Em todos os veículos noticiosos tempo é um item muito caro, precioso e a notícia não pode esperar muito para ser difundida. Então, como produzir matéria de qualidade em tempo cada vez mais escasso e com uma quantidade infinita de fontes? A famosa agenda de telefones dos jornalistas ficou ultrapassada com as redes sociais.

Na atualidade, o jornalismo deve se pautar pelo conteúdo, pela veracidade das informações, pela amplitude na cobertura do fato. A internet supre o cidadão das informações cotidianas de forma imediata. As redes sociais potencializaram essa difusão de informações. Muitas empresas, órgãos públicos, organizações não-governamentais (ONGs) promovem distribuição da informação diretamente ao publico de interesse dessas entidades. Assim, o produto jornalístico não pode ser mera cópia daquilo que está difundido, inúmeros portais de noticias simplesmente copiam e colam as informações, sem qualquer tratamento jornalístico. As informações que o usuários da internet acessam no portal do governo estadual são as mesmas que leem nos portais jornalísticos. Para que servem então esses portais? Apenas para publicar informações e, principalmente, fotografias da elite pelos colunistas sociais?

O verdadeiro jornalismo, aquele que sobreviverá na profusão de informações publicadas na internet é aquele que prima pela qualidade, pela precisão da informação. Interessa a leitor, ao cidadão que busca noticias a cada dia a riqueza da informação jornalística, ou seja, muito mais do que eu leio nos portais jornalísticos das organizações empresariais, governamentais ou não-governamentais. Está claro que a difusão das informações pelas diversas entidades se apresenta em estado bruto e busca favorecer, “falar bem” da própria entidade.


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