Os fatos ocorridos nos últimos dias colocam em questão a difusão jornalística. Com exemplos muito claros e conhecidos, sejam as inundações provocadas pelas intensas chuvas que caíram em Campo Grande na quinta-feira, 26 de janeiro de 2011, seja o desmoronamento dos três edifício no centro do Rio de Janeiro na noite do dia 25 do mesmo mês. No caso de Campo Grande, as redes sociais, em especial o Facebook promoveu uma cobertura dos fatos de forma imediata e ampla, sobre os vários pontos em que as chuvas provocaram danos às pessoas e às propriedades. A cobertura das inundações em Campo Grande chegou num estágio, na sequencia, de crítica humorística, sem perder a seriedade que o fato merece no que diz respeito às obras realizadas pelo poder público para, exatamente, dar vazão aos grandes volumes de água da chuva, comum neste período, e assim impedir as inundações que ocorreram.
As pessoas que estavam em suas casas, no trabalho, mesmo em momentos de lazer puderam acompanhar a avalanche, não só de água, mas de informações que as redes sociais veicularam no momento da chuva. Esse fato demonstra a circularidade da informação promovida pela internet. Essa “avalanche” de informação demonstra a importância da rede mundial de computadores e a liberdade de sua expressão.
De outro lado também, essa avalanche de informações que circulou nas redes sociais demonstraram que os cibermeios, os ciberjornais, os jornais produzidos na internet precisam ser mais ágeis, necessitam ter consciência do que significa estar na internet. É importante afirmar que o que se produziu nas redes sociais sobre a chuva e as inundações não pode ser classificado de jornalismo. Se trata de transmissão de informação crua. Foram divulgadas, por exemplo, muitas fotos dos locais de inundação. Contudo não foi disponibilizado aos usuários da internet ou aos leitores informações importantes que possibilitasse a compreensão daquele fato, informações elementares como local, causas, pessoas ou propriedades afetadas, entre outras. A “leitura”, compreensão das informações divulgadas, principalmente por meio das fotos dos locais inundados ficou na responsabilidade de interpretação dos leitores, dos usuários da internet.
O que as inundações promoveram, pela primeira vez, - houve outras inundações em outros janeiros sem todo o alarde provocado por esta – foi a disseminação das informações, que promoveu ações preventivas dos cidadãos sobre alguns pontos da cidade.
É preciso ficar muito claro o que é disseminação da informação e o que é produção da informação. Produção da informação é jornalismo. Ou seja, para quem não experimentou a situação de alagamento, soube das fatos pelas redes sociais, somente pode ter conhecimento do que ocorreu depois que o ciberjornais, cibermeios divulgaram as noticias e informaram todo o contexto das informações publicadas no twitter ou as fotos no Facebook anteriormente. Para o cibermeios foi uma aprendizagem. Foi a primeiro vez que as redes sociais atropelaram a produção das noticias. Um cibermeios, na pressa de publicar notícia sobre as inundações, utilizou imagens publicadas no Facebook, mesmo quando um dos seus diretores informou, pelo Facebook, que seus repórteres estavam “trazendo” as imagens das inundações!
Aqueles que conhecem os fatos pelos cibermeios somente puderam saber dos acontecimentos duas ou três horas depois, enquanto que aqueles usuários da internet que participam das redes sociais souberam dos fatos, não conheceram, de forma quase imediata.
Uma coisa é a pessoa saber de um fato, outra coisa é a pessoa conhecer esse mesmo fato. Saber e conhecer são situações distintas, envolve percepção imediata de um lado e compreensão de outro.
Os casos de Campo Grande e do Rio de Janeiro, fatos quase concomitantes, demonstram a importância das redes sociais para a produção no ciberjornalismo. O uso das redes sociais pelos jornalistas deve ser equilibrada, permanentemente avaliada e criteriosa. Nem tudo o que e divulga nas redes sociais é verdadeiro. Os fatos divulgados em twitter, Facebook, entre outros, devem ser checados. Entretanto, os próprios repórteres devem se valer dessas ferramentas e potencializar o seu uso. A integração da produção jornalística no cibermeios com as redes sociais é a forma, o caminho para que a sociedade, o cidadão tenha informações verdadeiras e de forma mais ágil.
Veja também