A associação entre os suportes midiáticos (mídia, meios de comunicação personalizados ou de massa) e as tecnologias digitais no final do século passado e, preponderantemente, no início deste século transformam profundamente as relações que a sociedade permuta com esses suportes. Uma nova leva de profissionais, principalmente no âmbito das ciências sociais, se qualifica a partir dessas transformações dão novos rumos para essas relações, mesmo a partir do próprio processo de formação. Segundo os professores Elias Machado e Marcos Palácios “as profundas transformações experimentadas pelas sociedades contemporâneas desde o final do século passado, com a gradativa incorporação das tecnologias digitais aos processos produtivos, têm suscitado um conjunto de estudos sobre as consequências destas mudanças no que diz respeito à pratica dos profissionais de comunicação e mais especificamente quanto às adaptações necessárias para que a formação destes futuros profissionais possa atender às demandas do mercado de trabalho.”
Apesar de inúmeras e enormes deficiências da implementação da tecnologia educacional, os aportes particulares facilitados pelo consumo, cada vez maior, dos equipamentos de informática e acesso maior às redes digitais de alta velocidade, que no Brasil ocupam lugar de destaque a cada pesquisa realizada pelo IBGE, determinam um novo modo de apreender e de tratar as tecnologias digitais que, em tese, buscam beneficiar a sociedade. O pesquisador português Antônio Fidalgo diz que “os novos meios de comunicação permitem de uma forma fácil e barata, dotar os cursos de instrumentos para reforçar a sua formação tradicional”, e ainda segundo Machado e Palácios “a digitalização estaria levando não ao desaparecimento porém a complexificação das práticas dos profissionais no campo da comunicação”.
O desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação infligem um novo modo de “ver” e se relacionar com o “mundo”, com a sociedade. Segundo Rogério da Costa, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica e do Departamento de Ciência da Computação da PUC-SP, “não só uma revolução tecnológica, as novas tecnologias digitais de comunicação estão mudando a própria cultura. O impacto de tecnologias como o telefone celular, a TV digital e a internet na sociedade, além das alterações que vêm causando, com o aumento vertiginoso da quantidade de informação e o surgimento de comunidades virtuais. Com o forte crescimento da oferta e consumo de produtos ditos de última geração, já não se pode mais falar do futuro que bate às nossas portas, mas simplesmente de alguns novos hábitos disseminados entre milhões de pessoas por todo o mundo”.
De outro lado, percebemos que as tecnologias da comunicação não são tão presentes como indicam os dados estatísticos, que muitas vezes são realizados por amostragem e não identificam corretamente a acessibilidade social das tecnologias digitais. No que se refere ao telefone celular, nossa realidade ainda está distante de um uso massivo das possibilidades digitais que oferecem, vejam o exemplo do recente aparelho produzido e comercializado pela Apple, o iPhone. A maior parte dos aparelhos celulares utilizados pela população tem um recurso básico, conversação. A quantidade de aparelhos com mais recursos, principalmente câmeras fotográficas utilizados pelos jovens e adolescentes, ainda não é significativa no universo da quantidade de linhas e aparelhos vendidos diariamente nas concessionárias do serviço.
A pesquisadora argentina Paulina Beatriz Emanuelli ressalva com muita propriedade que a relação das sociedades com tecnologias digitais, a interatividade “pode gerar uma interação real, mas por sua vez instala certa ilusão de participação que se potencia com a ideia de que as tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) e dentro delas a internet são centrais na existência e crescimento da globalização”, se cria uma “brecha digital”, um verdadeiro abismo entre quem as possua ou não”. Não vai muito distante e essa realidade parece se alterar, pois o crescente mercado de computadores, o barateamento dos equipamentos ressalva até os processos publicitários do comércio varejista que incorporou os equipamentos digitais, computadores, máquinas fotográficas e impressoras, principalmente, como utilidades domésticas e facilitam sua aquisição, seja em termos de custos, seja em termos de financiamento.
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