A democratização da informação pela banda larga

Opinião | Quarta-feira, 02 de Junho de 2010 - 00h14 | Autor: Gerson Luiz Martins


A internet banda larga se tornou um meio poderoso de veiculação das informações. Não basta ter internet em casa, é necessário ter uma conexão que permite fluxo rápido e consistente de informações. No final dos anos 80, com o advento da internet no Brasil, primeiramente exclusivo das universidade e, em seguida, das organizações não-governamentais (ONGs) o acesso era realizado por meio da linha telefonica e as conexões, além de serem precárias, com muito dificuldade de acesso, eram muito caras. Os internautas eram obrigados a usar a internet na madrugada para um menor custo na conta telefonica. Além disso, as páginas da iniciante web, conhecida como www, demoram mais de hora para carregar, fato que hoje ocorre em alguns segundos.

Em Campo Grande não havia provedor de internet, o primeiro a oferecer o serviço foi o provedor da Associação Comercial. Muitos pesquisadores, professores que usavam a internet para suas atividades, principalmente o correio eletrônico, se associavam a provedores acadêmicos ou das ONGs, como foi o caso da USP e do Alternex, rede associada ao IBASE e administrado por Carlos Afonso (veja entrevista publicada em http://www.ibase.br/modules.php?name=Conteudo&pid=1210), por isso o uso na madrugada, pois os pesquisadores eram obrigados a fazer interurbano para São Paulo ou para o Rio de Janeiro, sede do IBASE. Sem dúvida, o acesso a internet nesse período era elitizado, acessível a uma minoria, até mesmo porque muitos nem sabiam o que era esse negócio de internet. Durante muitos anos, o acesso à internet se realiza via linha telefônica discada. Hoje o serviço é oferecido também via linha telefonica, mas em banda larga, por meio de tráfego de dados em alta velocidade, numa ligação paralela à linha de voz utilizada nas conversações.

O advento da banda larga significou uma democratização do acesso à internet. No começo, ainda muito elitizado, pois as conexões via banda larga eram, e ainda são, muito caras no Brasil. No entanto, outros espaços de conexão democratizaram o acesso, as universidade, as lanhouses, as bibliotecas, as escolas públicas. No caso das lanhouses, apesar do custo ainda alto das conexões banda larga, o fato de oferecerem o serviço para uma grande quantidade de pessoas, minimiza o custo para o usuário. É importante destacar que o computador virou um eletrodoméstico, está presente em muitas casas, seja das classes mais abastadas ou menos abastadas. Apesar dessa realidade, o acesso à internet ainda é precária.

Pesquisa divulgada recentemente pela imprensa nacional mostrou dados preocupantes, o acesso à internet ainda é realizado por meio da conexão discada. A banda larga ainda é privilégio de poucos. As operadoras de telefonia sobretaxam as conexões, que acaba encarecendo muito o serviço se comparado a outros países. As operadoras alegam que a quantidade de clientes é muito pequena e assim o custo fica caro. É uma estratégia inadequada, pois se é cara dificilmente aumentará a base de usuários. Além desse aspecto, a banda larga brasileira não pode ser chamada de banda larga, está mais para banda estreita. Enquanto no Japão os usuários navegam na internet a taxa de velocidade de 100 Mb, no Brasil as melhores conexões não ultrapassam 20 Mb, média de 1Mbps.

O plano do governo federal em ampliar o acesso a banda larga também não melhora a situação, pois acesso a 512 Kbps não está muito distante do acesso discado. Somente um investimento real nas redes de fibra ótica pelas operadoras de telefonia ou por meio da rede elétrica poderá oferecer serviço de banda larga compatível e acessível, financeiramente, para toda população. Como o computador virou eletrodoméstico, está presente nas salas das casas, disputa com a TV a audiência, principalmente nos finais de semana e à noite, falta um acesso adequado à internet para a democratização da informação. Pela internet, o cidadão pode se informar, buscar dados que proporcionem uma visão mais próxima da realidade dos fatos.

O acesso à informação por meio da TV, principal veículo de informação dos brasileiros, é precária, parcial e fornecem notícias fasfood, sem análise, sem profundidade e muitas vezes informações que atendem a interesses políticos ou econômicos. A internet banda larga é a democratização da informação. Banda larga de fato, não banda estreita travestida de banda larga. A oferta de banda larga pela operadoras de telefonia no Brasil é um engodo e um verdadeiro assalto aos usuários. Isso é o resultado da concentração das empresas. Com a aquisição da Brasil Telecom pela Oi, voltamos ao tempo do monopólio pela Telebrás. Não há mais opção, não há mais concorrência. Pode-se dizer que a Oi é a nova “Telebrás”, domina a telefonia em todo Brasil.



www.gersonmartins.jor.br



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