A sujeira dos políticos em Campo Grande

Opinião | Domingo, 26 de Setembro de 2010 - 12h19 | Autor: Gerson Luiz Martins


Naturalmente só se pode escrever em e de Campo Grande, pois não se sabe como está em outras cidades. Mas em Campo Grande, pode ser testemunhado por centenas de pessoas. Não se trata de qualquer falcatrua, tráfico de influência, compra superfaturada, desvio de verbas públicas ou nepotismo; disso tudo temos visto, ouvido e lido muito no noticiário em tempos de campanha eleitoral.

A sujeira que se refere aqui é aquela imundície deixada pelos candidatos nas ruas de Campo Grande. Na manhã do último sábado, a avenida Fernando Correa da Costa se transformou no lixão da cidade. Papel, copos plásticos e muito mais lixo transformaram a via pública num lixão, montanhas de plástico, papel e tantos outros “restos” da campanha política. Um professor do Rio Grande do Sul tem um lema muito interessante nesse aspecto: “não vote em político sujo”, ou seja, não vote em político que transforma sua cidade, sua rua, sua calçada, sua casa numa montanha de lixo.

Esse lixo e o perfil do político não se diferenciam. Infelizmente este texto não possibilita o uso de fotos para comprovar a situação, mas não é necessário, porque centenas de pessoas passaram pela avenida no última sábado ou ainda circulam por inúmeras ruas que sofrem com a situação. Não bastasse a sujeira em que se transformou a avenida Fernando Corrêa da Costa, impedir o cidadão de circular livremente vai contra a constituição, é ilegal. Além da sujeira, os candidatos impedem o cidadão de circular livremente, eles fecham as ruas e avenidas para seus “atos políticos”, que, pelos resultados, nada tem de político, tem sim de uma prática criminosa que suja a cidade e impede o trânsito das pessoas.

Provavelmente os candidatos vão se defender e dizer que a prefeitura limpa a sujeira logo após o “ato politico”. Pior ainda, pois será o poder público, a prefeitura, a utilizar serviço, recursos públicos para “limpar a sujeira”! É o uso do dinheiro público para benefício privado. Essa situação é, no mínimo, lamentável! Há que se concordar com o colega gaúcho e denunciar a toda população que o político que tem esse comportamento é tão sujo quanto a sujeira que promove e provoca.

O drama de muitas cidades é onde depositar o lixo que se acumula depois da coleta. E esse preço é caro. Os lixões, como são conhecidos os grandes depósitos de lixo, não se evaporam ou são consumidos pelo fogo. Serão necessários muitos anos, talvez séculos para que desapareça.

Não há necessidade de ser produzir mais detritos, principalmente os plásticos que levam séculos para serem eliminados. E está no plástico a maior quantidade de lixo produzido pelas campanhas políticas. Haveria de se fazer campanha educativa, e, portanto, mais gasto público, para que os candidatos produzissem menos lixo, que o material utilizado nas campanhas pudesse ser reciclado ou pudesse ser eliminado rapidamente. Somado a isso, também, agora pelas expensas dos próprios candidatos, uma campanha educativa para os militantes e cabos eleitorais com o mesmo propósito, não jogar lixo na rua, nos locais públicos e privados.

O lixo acumulado nas ruas se torna uma situação de saúde pública. Seria o mesmo que dizer que os candidatos, apesar de todo o discurso pela saúde pública, joga o lixo na cara do cidadão. A legislação eleitoral estabelece que os candidatos, partidos e coligações removam suas propagandas pelas ruas da cidade até 30 dias após as eleições, mas isso se aplica somente aos painéis, pinturas em muros e cartazes colados nos mais diferentes pontos. Não se aplica ao lixo deixado pelas carreatas, caminhadas e outras manifestações.

A situação da avenida Fernando Corrêa da Costa no sábado último ficou catastrófica. Foi até mesmo curioso observar os candidatos no meio de tanto lixo! Quem sabe os candidatos possam implantar um “exército” de limpadores, varredores e catadores do lixo que seja custeado pelos próprios candidatos, nada de custo aos cofre públicos, como faz a prefeitura do Rio de Janeiro depois de cada desfile das Escolas de Samba no carnaval.

Sobre toda esta situação, cabe uma ação efetiva do TRE para fiscalizar e punir todos os que promovem a sujeira das cidades. A pratica habitual responsabiliza as prefeituras para recolher o lixo das campanhas, isso gera despesa pública, onera o orçamento público e se utiliza do dinheiro do contribuinte para atender ao privado. O TRE deveria impor aos candidatos a tarefa de promover a limpeza dos locais que sujou. Essa determinação talvez provoque o uso racional do material de campanha, ou se busque formas menos poluidoras. De qualquer forma, é urgente medidas que garantam a limpeza das cidades.



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