O 10º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, realizado em Curitiba no início deste mês, mostrou a força, a qualidade e também a quantidade de pesquisas produzidas por professores, estudantes e profissionais do jornalismo no Brasil. O congresso reuniu mais de 400 pesquisadores, dois painéis de debate e mais de 300 apresentações de pesquisa somado todos os trabalhos apresentados, incluído, pela primeira vez o Encontro de Jovens Pesquisadores em Jornalismo. Além disso, foram publicados mais 43 novas obras, ou seja, 41 livros sobre Jornalismo e duas revistas.
Entre os temos debatidos se pode destacar a discussão sobre a pesquisa em Jornalismo na América Latina, que teve a participação da pesquisadora da Universidade de Santiago do Chile, Claudia Mellado e do pesquisador da Universidade de Antioquia na Colômbia, Raul Osório; e também as discussões sobre as configurações e perspectivas das pesquisas em jornalismo no Brasil no que se faz de integração com os estudos dos cientistas da América Latina, tema abordado pelos cientistas brasileiros Eduardo Meditsch, da Universidade Federal de Santa Catarina, Beatriz Marocco da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no rio Rio Grande do Sul e Luiz Motta da Universidade de Brasília.
A quantidade e a qualidade das pesquisas apresentadas demonstra claramente o consolidação do Brasil como um dos países que mais produz ciência em jornalismo. O Brasil se destaca em todo mundo com um rede de mídia equivalente aos países europeus e Estados Unidos. Não obstante as diferentes e muitíssimas críticas realizadas sobre a produção jornalística no país, a qualidade da produção e a quantidade são características respeitadas em todo mundo. Essa situação é acompanhada também pela produção científica na área. A qualidade da pesquisa sobre jornalismo que se produz no Brasil é referencia na Europa, nos Estados Unidos, na África do Sul e na Austrália.
A pesquisa sobre jornalismo brasileira só não tem maior influência em todo mundo porque a produção bibliográfica é muito cara. Cada edição de livros sobre jornalismo tem um impressão que não chega a 500 exemplares, enquanto na Europa e nos Estados Unidos as edições tem tiragem de mais de 2000 exemplares. Sem dúvida, um dos fatores que determinam essa quantidade é o idioma. Há uma preocupação das editoras europeias, por exemplo, em publicar livros em inglês para garantir um mercado significativo de leitores. Enquanto no Brasil, além do índice muito baixo de leitura entre a população, a produção do livro é cara, as editoras não assumem os custos, o que faz com que as despesas da edição fiquem para o autor.
Situação paradigmática nesse universo acontece nas universidades. Normalmente as universidade possuem editoras próprias, como é o caso da UFMS e UCDB, e custeio os livros dos seus pesquisadores, mas ainda assim em pequenas tiragens. O maior problema das editoras universitárias é a distribuição, ou seja, o livro produzido não chega em todos os estados. Há uma tentativa de se constituir uma rede de editoras entre as universidades federais, mas esse processo ainda não se consolidou. E como a demanda pela produção dos livros é muito grande, há muita pesquisa, a fila para a impressão do livro é longa e um livro chega a ficar quase um ano no processo de produção da editora.
O Congresso de Pesquisadores de Jornalismo em Curitiba também debateu a situação do Projeto das novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Jornalismo, que está engavetada no Conselho Nacional de Educação há mais de dois anos. Em agosto deste ano o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, a Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação e a Federação Nacional dos Jornalistas encaminharam uma carta ao Ministério da Educação e ao Conselho Nacional de Educação onde solicitam a aprovação imediata da proposta das novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Jornalismo. Estas entidades defendem que a implantação nos mais de 400 Cursos de Jornalismo no Brasil representará a necessária melhora na qualidade da formação dos jornalistas profissionais e que a demora em estabelecer as novas diretrizes prejudica as centenas de Cursos que precisam fazer a revisão dos Projetos Pedagógicos, de suas matrizes curriculares.
O Congresso da SBPJor, em Curitiba, consolida, sem qualquer dúvida, pelos mais diversos fatores o crescimento e o respeito da ciência em jornalismo.
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