Convergência no Jornalismo em Campo Grande

Opinião | Quarta-feira, 10 de Agosto de 2011 - 22h40 | Autor: Gerson Luiz Martins


Nos últimos anos o processo de produção da noticia em Campo Grande, assim como em muitos outros lugares, experimentou um incremento e uma mudança substancial. Aqui sempre houve uma particularidade na mídia, em especial no ciberjornalismo, que surgiu e cresceu de forma diferenciada. Os ciberjornais não surgiram dos grandes grupos de comunicação, foram criados e se desenvolveram em iniciativas empresariais mais ligadas ás empresas de informática, enquanto noutras cidades nasceram e se desenvolveram ligados ás empresas de comunicação.

Mesmo quando se trata da mídia impressa e eletrônica, neste caso o radio e a TV, há uma particularidade. As empresas de comunicação, até o momento, são administradas por empresários "civis" e não por pessoas que tem atividade política partidária. Sabe-se que em outros estados os empresários de comunicação, em sua maioria, são deputados, senadores, prefeitos, vereadores. Foi por meio desta situação, política partidária, que conseguiram as concessões de rádio e televisão.

E tanto na mídia impressa como na eletrônica, há, hoje, uma transformação substancial e substantiva, especialmente quando se trata de convergência de mídia. Importante lembrar que convergência de mídia não se restringe, e tampouco significa isso, a junção de diversos meios de comunicação, ou seja, que um empresário seja proprietário de rádio, TV, jornal impresso e ciberjornal. A convergência de mídia é mais profunda, abrange tecnologia, processo profissional e trabalhista, conteúdo, processo de difusão da informação e interatividade. E tampouco o processo de convergência de mídia ocorre do dia para noite. É complexo, lento, técnico, humano.

Há alguns anos, pesquisadores da UFMS trabalham em projeto sobre convergência de mídia. Entretanto, os resultados desse trabalho sempre foram relativos, precários, parciais, se comparado com as pesquisas realizadas na Espanha, Portugal, Inglaterra ou mesmo Estados Unidos. O foco, objeto de pesquisa não estava devidamente constituído, qualificado.

Essa realidade mudou nos últimos anos. A consciência de que os processos de comunicação e difusão da informação no ciberespaço é uma realidade sem volta, mais, que o futuro da comunicação, do jornalismo será substancial na internet, se reconstruiu os planos das empresas jornalísticas. Houve uma reengenharia nos planos de desenvolvimento, de crescimento das empresas. Se antes havia apenas ciberjornais, apenas emissoras de radio ou de televisão, hoje há uma conjugação desses diversos meios na mesma empresa. É imperativo afirmar que esse processo não trata apenas de aglutinar sócios, capital acionário ou mesmo divisão de empresas na mesma família. Também não quer dizer que uma empresa se tornou maior porque possui diversos meios de comunicação. O processo de aglutinação de mídias, que se denomina convergência de mídia é muito mais do que isso, como destacado anteriormente.

A nova realidade da mídia Sul-mato-grossense se desenvolverá, nos próximos anos, respaldada pelas pesquisas cientificas. O Programa de Mestrado da UFMS tem um papel importante e decisivo nesse desenvolvimento. Não se trata apenas de mercado, de ampliar a audiência, faturar mais; também não se trata de refletir, atender ou democratizar o acesso aos meios de comunicação pela comunidade. Durante muitos anos falar em pesquisa em comunicação nas universidade era sinônimo de projetos sobre democratização da comunicação. Esse é um fator muito importante no processo de difusão e economia da informação, contudo não único.

No que diz respeito à convergência midiática, pode-se focar muito elementos, muitos objetos de pesquisa. Não se trata de mera pesquisa acadêmica que realiza diagnósticos, mas pesquisa aplicada que, essencialmente, produza melhorias no processo de difusão da informação, da notícia, enfim, da comunicação e que, portanto, produza dados, experimentos, modelos, inovações, produtos que promovam o desenvolvimento da sociedade e a melhoria das condições de vida.

O processo de convergência da mídia envolve, por exemplo, o profissional do jornalismo, sua qualificação, sua formação, seu perfil, sua remuneração e sua satisfação. Também envolve o aparato tecnológico necessário para que haja eficiência da mídia em seu papel.

De outro lado, o processo de convergência não garante sucesso na produção da informação, da noticia. Nos últimos três anos, grandes empresas de mídia, na Europa E Estados Unidos, inverteram o movimento de convergência porque a eficiência produtiva não apresentava resultados. Há uma especialização técnica, laboral, social que não pode ser descartada, sejam dos seres humanos envolvidos diretamente no processo, sejam dos processos produtivos. Há muito que se pesquisar, no jornalismo, em prol da melhoria da sociedade.



www.gersonmartins.jor.br



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