Ética no jornalismo, este é assunto muito discutido nas escolas de jornalismo em todo Brasil e provavelmente no mundo. Há um trabalho árduo de professores para orientar os futuros jornalistas na consciência profissional, nos procedimentos adequados no exercício da profissão. Contudo isso não se reflete no cotidiano dos jornalistas. Quantos conhecem o Código de Ética dos Jornalistas? Quantos sabem implementar os artigos do Código no dia a dia da sua profissão? O que vemos, observamos a cada dia é uso do senso comum, na melhor das hipóteses. O jornalista "apela" ao código de ética quando se sente ameaçado ou quando seus interesses pessoais estão em risco na produção da matéria de cada dia.
Uma das preocupações dos professores que trabalham a disciplina Ética em Jornalismo nas universidades é fazer com que os seus alunos tenham pleno conhecimento do Código de Ética da profissão, pois sabem que isso será rapidamente esquecido na atuação profissional. Apesar de ser uma das mais importantes disciplinas na formação do jornalista, talvez a mais importante, a compreensão das questões éticas, o conhecimento dos códigos não é tão simples e o seu estudo pode se tornar cansativo, ou então fica num eterno estudo de caso. O que importa é que o jornalista, o futuro jornalista tenha compreensão do contexto, da amplitude, das dimensões do código de ética e o tenha sempre presente em sua memória.
Se essa não é a realidade, e a observação diária do jornalista confirma isso, quais os critérios que cercam a atividade jornalística? São capazes os jornalistas de refletir sobre seu cotidiano, sobre sua prática? É preciso entender que a questão ética é muito ampla e não se circunscreve somente pela fidelidade à verdade, mas inclui-se aí o uso do chamado crtl-c, crtl-v, o famoso copia e cola que muitos pseudojornais praticam todos os dias. Está muito claro, o processo de produção jornalística, o fazer jornalismo corresponde a pautar, apurar, checar, redigir, editar, publicar, difundir, ou seja, todas as fases do processo de produção em jornalismo. E se perguntar que tipo de produção jornalística há quando alguém cria uma página na internet para veicular notícias e copia todas as informações de outros portais de fato jornalísticos? Esse "jornal", se se pode chamar assim, se assemelha a uma máquina reprográfica, popularmente conhecida como "xerox"!
Sobre a falta de reflexão no cotidiano dos jornalistas é interessante pensar na nova situação a ser redimensionada pela abertura do Curso de Mestrado em Comunicação na UFMS. Em 1993, o mercado profissional em jornalismo neste estado sofreu um redimensionamento com o ingresso da primeira turma formada pelo Curso de Jornalismo da UFMS. Naquele momento, havia cerca de 90% de profissionais práticos na redação contra uma minoria de profissionais diplomados. Hoje, as redações possuem 99% de profissionais diplomados. O Programa de Mestrado em Comunicação fará uma nova revolução quase 20 anos depois. Mas isso é tema para outra reflexão.
A Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ vai organizar o 2º Seminário Nacional sobre Ética no Jornalismo, ainda neste ano. O primeiro foi realizado em Londrina, em 2006, e serviu como base para a revisão do Código de Ética em 2008. Este novo Seminário terá como objetivo rever inúmeras situações que perpassa a atividade dos jornalistas, permanentemente em mudança, principalmente em termos de ciberjornalismo. Este novo momento de discussões não deve ser restrito aos estudantes, professores ou pesquisadores, deve ser uma prioridade para os profissionais em atuação no mercado. Nas relações de trabalho, no cotidiano dos jornalistas é que se encontram os pontos de tensão e a fronteira naquilo que é ético e no que se transforma em sensacionalismo, apologias ou mera busca de lucratividade, de um serviço público para um serviço privado.
As tecnologias da informação e da comunicação transformaram a atividade jornalística e o debate sobre ética, que essas novas plataformas de trabalho impõem, se colocam como parâmetros entre o certo e o errado do ponto de vista moral.
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