Interatividade como princípio no jornalismo

Opinião | Quinta-feira, 06 de Fevereiro de 2014 - 10h45 | Autor: Gerson Luiz Martins


O jornalismo, e portanto o jornal, mais do que difundir os fatos do cotidiano das sociedades também sempre foi um processo de retroalimentação dos fatos, das notícias publicadas. No mesmo tempo que o jornalismo tem como função difundir os fatos relevantes para uma sociedade, necessita da resposta dessa mesma sociedade para repercutir, ampliar ou explorar, investigar um determinado acontecimento. A resposta do leitor, do consumidor de notícias é, se pode dizer, lenha na fogueira para alimentar a busca por mais informação. Esse processo é essencial, por exemplo, no jornalismo investigativo. A audiência que proporciona essa lenha é importante para que o jornal conheça a repercussão de seu trabalho.

Para o ciberjornalismo, a interatividade é um dos princípios basilares. As características, propriedades e potencialidades da internet tornam a interatividade com o leitor, com a sociedade como elemento fundamental para o jornalismo, se pode dizer mesmo, como o oxigênio que enriquece o jornalismo produzido na internet, pelos cibermeios. A importância da interatividade está claramente consolidada e comprovada pelo crescimento das mídias sociais, como Facebook e Twitter. O crescimento destes aparatos, desses recursos comprova a importância que é dar voz ao leitor, dar voz ao cidadão, dar voz a sociedade.

A chamada Carta do Leitor sempre foi um recurso importante na história do jornalismo. Com o advento da internet, a Carta do Leitor se tornou um recurso contumaz, está no uso corrente. A seção de Comentários das páginas dos cibermeios, dos ciberjornais é, hoje, um fato consumado e imperativo para a difusão da notícia e a medição da qualidade da informação jornalística. Isto porque, no caso da internet, é por meio desse espaço que o cibermeio pode aferir a qualidade de sua apuração, do rigor da informação, enfim, da qualidade da informação.

No jornalismo impresso a situação não muda, embora o processo seja realizado de forma não explícita. Com os recursos que tem a internet, as páginas dos jornais na rede mundial dos computadores proporcionam acesso, às empresas jornalísticas, pelo correio eletrônico (email), eventualmente pelos comentários postados na página do jornal na internet. O jornal que não proporciona o retorno dos seus leitores, a resposta daqueles que consomem as notícias, pode não encontrar eco na qualidade do que publica. E não basta que os editores, editor-chefe, diretor de redação tenham conhecimento das respostas, do retorno dos leitores; é imprecindível que estes comentários, que essas respostas sejam do conhecimento público, ou seja, sejam publicadas nas páginas do jornal.

Há inúmeros perfis de leitores de jornal. Desde aquele que usa uma das redes sociais como Facebook ou Twitter para “responder” ao jornal até mesmo aqueles que, no século 21, ainda utilizam a carta manuscrita e postada em alguma agência dos Correios. De uma forma ou de outra, o jornal deve abrir espaço para essa interatividade, deve publicar os comentários do leitor e propagar que este ou aquele jornal tem credibilidade, tem receptividade para as críticas e para os elogios e que estes sejam do conhecimento público.

O espaço da Carta do Leitor ou dos Comentários do Leitor é condição de sobrevivência de um jornal. Afinal o leitor precisa confiar no seu jornal, precisa ter garantias de credibilidade. E isso se faz com um processo de produção jornalística transparente.



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