Jornais eletrônicos na pré-história do ciberjornalismo

Opinião | Quinta-feira, 15 de Novembro de 2007 - 03h52 | Autor: Prof. Dr. Gerson Martins


Os portais de notícias do estado ainda vivem na segunda fase do desenvolvimento do ciberjornalismo, alguns na pré-história. Apesar de, há alguns anos, vários desses portais terem realizado uma reforma e disponibilizado uma "capa" onde apresentam as principais matérias do dia e fotos que trocam a cada 60 segundos, a estrutura do portal se distanciou da linguagem ciberjornalística e, em consequência, provocou o cansaço do leitor. Os textos têm um formato mais para jornal impresso ou colunas pessoais de jornalismo impresso.

Repórteres e colunistas não consideram o suporte "cibermeio" e o que demanda essa característica para a produção dos textos. Contudo, esse ser "tradicional", baseado na linguagem do jornalismo impresso, está penalizando o crescimento da audiência no momento em que os portais jornalísticos têm acentuada demanda.

Num processo de transformações muito rápidas, os portais jornalísticos tornam-se obsoletos. Mantém uma audiência, considerada acima do satisfatório e que mantém a sobrevivência por meio da publicidade exibida, devido à "tradicionalidade" de alguns portais e ao apadrinhamento político de outros. Se quiserem se manter no ciberespaço e atender sua demanda de crescimento, deverão fazer ajustes que atendam à terceira fase do ciberjornalismo.

Embora alguns portais jornalísticos tenham uma grande equipe de redação e reportagem, de fazer inveja a muitas redações de jornais impressos, essas equipes não estão preparadas ou não se atualizam no que se refere às características do ciberjornalismo. É importante ressaltar que, assim como o telejornalismo, o radiojornalismo, o ciberjornalismo é uma disciplina, área específica do jornalismo consolidada.

Com o crescimento do número de usuários da internet, essa audiência cresce a cada dia e somente aqueles que estiverem sintonizados com seu tempo poderão usufruir desse crescimento. E essa audiência, mais habituada a multimidialidade da rede e também mais jovem, vai exigir e demandar melhor conteúdo, melhor apresentação e participação nesse conteúdo. Essa audiência, esse consumidor de notícias rejeita os inúmeros anúncios publicitários com recursos de flash (imagem em movimento) que tornam a página pesada e lenta para carregar as informações, que é o que mais interessa à audiência.

O professor Marcos Palácios, coordenador do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On Line da UFBA, ressalvou de forma muito perspicaz o desgaste para o portal jornalístico com as chamadas janelas "pop-up", aquelas que se abrem sem o controle do usuário na tela do computador. Diz o professor Palácios, "mais rápido que o raio - o usuário FECHA a caixinha clicando no "X". E que – se por mero acaso – chega a perceber do que se trata, FECHA xingando o anunciante." A convergência de mídias anunciada a todo momento, o desenvolvimento da telefonia celular e a chegada da TV digital são indicativos de uma integração iminente da internet com a televisão.

Como afirmam os principais cientistas da área, num futuro muito próximo teremos um novo modelo de televisão, que pode ser vista em qualquer computador, em qualquer celular. A televisão integrada a internet determinará uma nova forma de consumir notícias, uma nova linguagem jornalística.

Essa mudança não ocorrerá da noite para o dia, é um processo em que os portais jornalísticos devem, aos poucos, se adaptando. O modelo atual sobrecarregado de anúncios em flash, de notas e algumas notícias secas, sem atrativo, sem chamariz, sem o uso das propriedades do ciberespaço está fadado à falência.


www.gersonmartins.jor.br



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