O
Congresso de Jornalismo Digital que aconteceu em Huesca, Espanha, nos dias 15 e 16 de março teve uma série de debates que trataram do jornalista como empreendedor. Na programação estavam temas como " jornalismo, paixão e emprego" , "guia de sobrevivência para jornalistas empreendedores", "jornalistas: de assalariados a mini-empresários", entre outros, mostra a preocupação que os jornalistas espanhóis tem com a situação atual de crise no país com mais de 5000 jornalistas desempregados, "de paro" como eles denominam.
O objetivo principal do congresso foi buscar alternativas para equacionar o problema do mercado de trabalho para os jornalistas, assim como debater propostas para ampliar as possibilidades de trabalho. Ficou muito claro, durante as apresentações e debates do congresso que o principal meio para atividades dos jornalistas nos próximos anos será o jornalismo na internet, o ciberjornalismo.
Jornalistas como Gumersindo Lafuente de
El País, Ignacio Escolar, Manuel Jabois do
Elmundo.es, Ricardo González do
Jotdown.es, Ander Izagirre, Emilio Mediavilla, Jordi Colomé do Obamaworld e Pere Rusiñol do
Público.es apresentaram possibilidades de trabalho, rendimento e desenvolvimento da atividade jornalística com base no ciberjornalismo e nas inúmeras possibilidades que o meio oferece.
Se a internet é o futuro da atividade jornalística, a preparação, o domínio das técnicas não somente do jornalismo, mas também da informática são condições imprescindíveis para conseguir sucesso no ciberjornalismo. Uma das áreas que tem mostrado crescimento em que alia jornalismo e informática é a de publicações virtuais, cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, a partir da grande oferta de tabletes a preços acessíveis. Em Campo Grande existe várias revistas virtuais e que a cada dia terão demanda para jornalistas preparados em ciberjornalismo. O vice-presidente do canal
Antena 3 da Espanha, Maurizio Carlotti, na fala de abertura do Congresso de Jornalismo Digital de Huesca destacou dois fatos importantes para os profissionais de jornalismo. Primeiro que o jornalista é o dono intelectual do seu trabalho e tem um futuro promissor. O jornalista é um trabalhador que pode ser substituído. Cada jornalista é singular, é como é, não como um trabalho numa linha de produção. E é um profissional que pode acumular conhecimentos e domínios e qualificar, portanto, sua produção, seu trabalho.
Carlotti também mencionou que o receio, que muitos têm, das tecnologias da comunicação e da informação (TICs) no caso do jornalismo não é verdadeiro. Carlotti entende que a mudança das TICs foi uma hecatombe para o sistema bancário. Basta ler os números de pessoas desempregadas, as mudanças visíveis ocorridas no interior das agências bancárias para avaliar o quanto as TICs mudaram o quadro e a forma de trabalhar. As TICs são aliadas para que o jornalismo se transforme e se consolide como um elemento estratégico para a consolidação democráticas das sociedades.
Neste cenário uma iniciativa, um trabalho, uma propriedade da internet como difusão da informação, os blog’s, não estão mortos, pelo contrário, estão mais vivos do que nunca. E muitos deles tem sido premiados pelo trabalho jornalístico de excelência que produzem. Blog’s que furam a grande imprensa, blog’s que reportam fatos com mais exatidão, com mais amplitude, com mais testemunhas se tornaram meios que realizam um serviço imprescindível para toda população.
No caso do Brasil, se faz necessário qualificar as redes telemáticas. O acesso à produção jornalística é restrita porque não há redes telemáticas de boa qualidade, além de serem muito caras. O acesso aos portais de notícias se resumem a poucos, dois ou três porque se torna cansativo esperar horas para que uma página na internet se componha. Com redes de grande velocidade e de custo menor, o acesso se amplia e as possibilidades de diversificação de conteúdos também cresce.
O jornalista brasileiro
Rosental Calmon Alves, um dos pioneiros no estudo de ciberjornalismo e hoje diretor de um
centro de pesquisa na Universidade do Texas, também presente no Congresso de Huesca, afirmou que as empresas de mídia não são mais empresas de mídia, mas empresas de tecnologia. Não há mais emprego para estudantes de jornalismo. As oportunidades são muito maiores, é preciso estar preparados para elas.
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