Mestrado em Comunicação na UFMS

Opinião | Sábado, 22 de Maio de 2010 - 22h50 | Autor: Gerson Luiz Martins


 O conjunto de professores doutores na área de Comunicação da UFMS reiniciou, recentemente, o trabalho para criação do Curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu, nível Mestrado, aguardado com muita expectativa pelos profissionais da área de comunicação em Campo Grande. O projeto começou a ser trabalhado em 2004 numa tentativa de convênio com a Universidade de Brasília – UnB para um curso de mestrado em jornalismo, os chamados Mestrados Interinstitucionais – Minter. O projeto foi conduzido, no âmbito da UFMS, pelos professores Mauro Silveira e Jorge Ijuim, mas não foi concretizado dado as dificuldades na execução da proposta em ambas instituições.

O processo atual iniciou com bases mais sólidas e num trabalho que permeia todas as condições mínimas cumpridas pela UFMS. No projeto anterior, o Departamento de Jornalismo ainda não possuía a totalidade de professores com doutorado, exigida pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior - CAPES, órgão do Ministério da Educação responsável pelo credenciamento dos cursos de mestrado e doutorado no país. A CAPES exige que para um curso ser recomendado a instituição de ensino superior tenha, no mínimo, oito professores doutores. O projeto anterior contava cinco professores nessas condições.

No momento, o Departamento de Jornalismo possui oito professores doutores, além de ter o apoio de mais professores com projetos na área de comunicação nessa mesma condição. O projeto anterior, apesar do interesse e da perspectiva inovadora, tinha como objetivo criar um mestrado em jornalismo. Essa perspectiva impunha outro desafio, o conjunto dos professores doutores devia ter projetos específicos nesse campo do conhecimento. Por isso, neste segundo momento, optou-se por ampliar a proposta e oferecer um curso de mestrado em comunicação. Dos oito professores doutores do Departamento de Jornalismo, na situação atual, cinco atuam especificamente em pesquisas de jornalismo, os demais trabalham na área de comunicação, em audiovisual e meio ambiente. De outro lado, o grupo de professores do projeto de 2010 tem se referenciado por meio de orientações de especialistas na elaboração de projetos de mestrado.

Não obstante a isso, em maio de 2009 o representante da área de Comunicação da CAPES, professor Dr. Marcius Freire, esteve em Campo Grande e pontuou os parâmetros para que uma proposta de mestrado tenha parecer positivo na avaliação do órgão. Segundo Freire, a entidade tem objetivado ampliar a oferta de cursos de pós-graduação stricto-sensu fora do eixo Rio-São Paulo, hoje a região Sudeste concentra 43% desses cursos. Nos últimos dois anos, para atender a necessidade em outras regiões, foram aprovados os cursos de mestrado da UFRN, UFC, UFPB, UFPA, UFAM, além de outro curso na UFPR.

O Brasil é considerado referência nos cursos de pós-graduação – mestrados e doutorados. Isso se deve a seriedade e o rigor para aprovação de novos cursos e as avaliações periódicas que a CAPES realiza. Para ser ter uma ideia do rigor, a instituição que propõe curso novo deve disponibilizar, em sua biblioteca, mais de 4000 títulos na área do curso proposto, organizar infraestrutura para atender o curso com laboratórios, sala para alunos, secretaria específica, entre outras exigências. Contudo, apesar do curto período de tempo para encaminhar a proposta, o caminho é longo. Uma das exigências, no caso da Biblioteca, segundo levantamento recente realizado por esse setor na UFMS, a instituição possui menos de 600 títulos em comunicação.

Com aval da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação será necessário multiplicar esse número seis vezes. Não é tarefa fácil, mas tampouco impossível. Cabe aos grupo de professores envolvidos no projeto levantar e indicar o maior número possível de referencias bibliográficas para compor a quantidade exigida pela CAPES. Conforme documento produzido pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – COMPÓS, o campo da comunicação “caracteriza-se por ser um campo de produção em que a separação entre produção material e produção teórica não faz sentido.

Na sociedade globalizada, marcada pela forte presença das tecnologias da informação e da comunicação, a produção do sentido passa necessariamente pelos meios de comunicação.” E se torna, dessa maneira, estratégica para o desenvolvimento social. Não foi sem razão que o Ministério da Educação elegeu como área privilegiada para revisão e atualização das diretrizes curriculares o Jornalismo, que a partir de 2011 será um curso específico, dada a importância e relevância social para a consolidação democrática do país.


www.gersonmartins.jor.br



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