O surgimento de portais na internet de notícias foi muito acentuado nos últimos anos. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, há mais de 150 sítio web que veiculam notícias, difundem informações diariamente, alguns o fazem semanal ou quinzenalmente. As facilidades criadas pelo desenvolvimento de aplicativos de publicação na internet, promoveram um crescimento rápido e quantitativo no número de sítios web em jornalismo.
Esse fenômeno não se restringe a Campo Grande, acontece em todas as regiões do estado, mas principalmente nas cidades pólos regionais. Os número são impressionantes. Mato Grosso do Sul tem 79 municípios, o número de sítios jornalísticos ultrapassa 150, ou seja, quase o dobro do número de municípios. Na maioria deles, o processo de difusão das notícias é praticamente o mesmo, o chamado “Ctrl C e Ctrl V”, também chamado de sistema “copiar e colar”. Numa rápida pesquisa nos sítios jornalísticos do estado, se percebe essa forma de publicar as notícias. O sistema “copiar e colar”(CC) é utilizado principalmente para as fontes oficiais. O governo do estado, por exemplo, publica uma notícia em seu portal oficial e essa mesma notícia e copiada em dezenas de sítios jornalísticos.
Essa forma de publicar informações, copiar os textos de outros autores, de outros portais de notícias pode se chamar de jornalismo? O processo de produção jornalística é muito claro e consiste na pesquisa, apuração, redação, edição, redação e publicação. Se o sítio de notícias, será melhor designar assim, copia as notícias de outro, não faz pesquisa jornalística, não faz apuração jornalística, eventualmente edita o texto (muitas vezes o tamanho do texto original é mais extenso do que o espaço que tem disponível), pode ser considerado jornalístico? E mais ainda, em muitas situações a cópia dos textos originais não está acompanhada da autoria. Isso tem um nome e todos conhecem por plágio! E plágio é crime. Muitos sítios de notícias também não podem ser chamados de jornalísticos porque não possuem jornalistas profissionais contratados. As equipe se constituem do proprietário, interessado muitas vezes em publicidade pessoal e na arrecadação das verbas públicas, e no chamado webmaster, o verdadeiro profissional nessas situações, pois produz os sítios web a partir do seu conhecimento técnico qualificado em investimentos pessoais nas escolas de informática.
A cada dia um novo sítio web de notícias aparece. E não se menciona aqui os sítios web criados pelos políticos para disseminar informações de suas atividades, que também utilizam um formato jornalístico. Esses trabalhos, pelo menos, produzem informações, na maioria das vezes os políticos, vereadores, deputados, senadores contratam jornalistas profissionais para o trabalho da internet. De outro lado, os sítios web de notícias que se dizem jornalísticos nem jornalista tem!
Como há uma proliferação intensa dos sítios web de notícias, se pergunta: o que é jornalismo? Afinal, todos se autoproclamam jornalísticos e seus proprietários se autodenominam jornalistas! Será jornalismo distribuir informação? Será jornalismo repassar informação? Se assim for, pode ser considerado jornalismo, na essência, o Twitter, o Orkut, o Facebook e tantos outros mecanismos de distribuir informação na internet. É importante que o leitor tenha clareza, jornalismo quer dizer produção da informação e produção da informação supõe pesquisa, apuração, edição, redação e difusão. Sem esse processos, sem essas etapas não existe jornalismo. A informação que não passar por esses processos só pode ser considerada “fofoca” e, portanto, sem qualquer credibilidade. Um sítio web de fofoca distribui informação sem qualquer compromisso com a verdade, com a veracidade dos fatos. E, naturalmente, atende a interesses pessoais.
Um fato que deve ser mencionado aqui quando se escreve sobre sítios web de notícias está relacionado aos “sanguessugas” dos recursos públicos. Cria-se um sítio web de notícias, publica-se informações positivas do governo, em qualquer nível, e somente informações positivos, afinal, como dizem, chega de notícias negativas, e o passo seguinte é bater nas portas dos gabinetes para cobrar a fatura de “publicidade” não contratada, tampouco licitada.
Para os proprietários das empresas de notícias na internet é imperativo afirmar que um sítio web jornalístico se produz com jornalistas profissionais regularmente contratados e com procedimentos de pesquisa jornalística, apuração, edição, redação e publicação. Fora disso é uma página na internet de fofocas!
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